Eu poderia falar
esta semana sobre a greve das servidoras e servidores da Educação no Rio Grande
do Sul, que já está chegando à marca de 30 dias. Afinal, sou educador e esse é
um problema que me atinge frontalmente.
Eu poderia falar
sobre a volta da ameaça de redução da maioridade penal. Afinal, esse é um
evidente ataque à dignidade da juventude empobrecida. E o que atinge a
juventude empobrecida me atinge frontalmente.
Eu poderia falar
de Francisco de Assis ou de Justiça Socioambiental (aquela coisa de “Irmão Sol,
Irmã Lua”, etc. e tal...). Afinal, sou ecumênico de carteirinha e franciscano
de berço, e o dia do Poverello está aí. Além disso, o temporal que assolou
o Rio Grande do Sul no último domingo é um sinal de que o que estamos fazendo
com o planeta nos atinge frontalmente.
Enfim, eu poderia
estar matando (como em Las Vegas), eu poderia estar roubando (como o nosso
Congresso), mas eu estou apenas refletindo... e, refletindo, resolvi trocar todas as preocupações expostas acima por uma, que foi o foco da minha dissertação (de mestrado, obviamente), defendida e aprovada com nota máxima em 29/09 (sexta-feira passada – motivo de eu romper com a promessa de postar mais frequentemente por aqui). Afinal, poucos foram os momentos tão felizes quanto este em minha vida. E o mais importante: é um trabalho que versa sobre o jogo dramático como estratégia de emancipação de jovens estudantes de escola pública. Não precisaria repetir, mas a vulnerabilidade e a invisibilidade que esse público sofre me (nos) atinge frontalmente.
Desse modo, como tempos difíceis pedem saídas
alternativas, tá aí algo que é raro eu fazer, mas que, mesmo centrado em minha dissertação, de alguma forma contempla todas as questões acima, que nos atingem frontalmente: um poeminha...
Eu dedico
estas linhas...
À
juventude estudantil empobrecida,
latino-americana,
silenciada,
embrutecida,
que, da
periferia do capitalismo,
ensaia um
grito
enfurecido,
doído,
oprimido;
e sonha
com o dia de sua alforria
de um
sistema que devia
garantir-lhe
pão, paz e alegria,
mas
somente dá a ilusão
de que
tudo falta, inclusive a educação,
e que a
única solução
é
entregar-se à bonomia
de quem,
jurando abnegação
anuncia a
sua missão:
vim substituir sua autonomia.
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