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O causo a seguir é uma adaptação de um dos esquetes do curso de Teatro e Bíblia, realizado no Rio Grande do Sul, voltado especialmente para o público juvenil, mas já adaptado, em diversas ocasiões, para outros grupos. Espero que gostem...
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O causo a seguir é uma adaptação de um dos esquetes do curso de Teatro e Bíblia, realizado no Rio Grande do Sul, voltado especialmente para o público juvenil, mas já adaptado, em diversas ocasiões, para outros grupos. Espero que gostem...
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Estavam
todas e todos a postos. O Presidente, Bíblia em punho, daria início à reunião.
Não havia quem não admirasse o modo do Seu Zé interpretar as Escrituras. E ele
dizia:
–
Fazer justiça ao órfão, defender a causa da viúva, amados irmãos e irmãs, é
socorrer os pobres, os marginalizados de hoje...
Várias
cabeças balançando em sinal de aprovação. E ele prosseguia:
–
Bem, pessoal! Hoje, retomamos o projeto social da nossa Igreja. Cumpre a nós
continuar defendendo os órfãos e as viúvas do nosso tempo. Chamei vocês aqui
porque tem trabalho pra todo mundo...
No
meio da conversa, eis que entra D. Sílvia, a cara entre assustada e aflita.
Todos percebem sua angústia. Alguém puxa uma cadeira:
–
Sente-se, minha senhora! Quer um copo d’água?
–
Não, obrigada! Eu só vim porque tenho um problema e me disseram que vocês
poderiam ajudar.
Seu
Zé olha pro céu, agradece a Javé, o Deus dos pobres, que enviou aquela mulher
para confirmar que a Obra é de Seu agrado.
–
Pois a senhora veio ao lugar certo. Como é o seu nome?
–
Sílvia! Eu vim aqui porque tem um buraco na minha rua. Já falei com a
prefeitura, com a agência de saneamento, as companhias de luz e telefone, e
nada! Ninguém tá nem aí! E olhe que é ano eleitoral...
–
Pois olhe... É até melhor assim. Ficar devendo favor pra político é um atraso
de vida. Mas me diga, D. Sílvia, a senhora trabalha?
–
Faço meus bicos...
–
A senhora sabia que estamos iniciando um grupo de ação social aqui na Igreja?
Desenvolvemos vários trabalhos muito legais que podem envolver toda a família.
Hoje, por exemplo, faremos uma oficina de panificação.
–
Hum...
–
Como é a vida lá na sua rua? O pessoal é bem pobre, né!
–
É, mas...
–
Quantos filhos a senhora tem?
–
Oito.
–
Oito? Sabia que temos um trabalho específico para as crianças? Inclusive, nos
dias de celebração, elas ficam com algumas gentis senhoras da comunidade que
adoram contar historinhas bíblicas.
–
Mas eles são grandinhos...
–
Bom, então os mais velhos podem participar do grupo de jovens. Pelo menos,
enquanto estão na Igreja, sabemos que não estão em más companhias, metidos em
algum problema...
–
Epa, peraí só um minutinho! Meus filhos não são muito de Igreja, vá lá... Mas
nunca se envolveram com drogas ou coisa pior. Eles são trabalhadores, somos
gente honesta...
–
Calma, D. Sílvia, é modo de falar... É que esses jovens de hoje andam tão
carentes de orientação...
–
Não os meus filhos, isso eu lhes asseguro.
–
Ok, ok, não precisa se zangar! Olha só... Que tal a senhora vir participar aqui
com a gente. Temos um monte de outras coisas bacanas pra fazer. Às quartas é
dia de entregar cestas básicas para as famílias carentes.
–
Hum, tem um pessoal lá perto de casa que está mesmo precisando...
–
Então, viu que legal! A senhora pode ajudá-los.
Seu
Renato achou melhor reforçar o argumento do Seu Zé:
–
E, certamente, a senhora vai se sentir bem por isso.
Seu
Zé, que já havia falado sobre fazer o bem sem esperar recompensa, emenda:
–
Claro, ajudar os outros sempre faz a gente se sentir melhor. Mas fazer o bem
aos pobres é, antes de tudo, dever evangélico.
D.
Sílvia, tentando assimilar tanta informação, limita-se a um aceno de cabeça,
como quem está ponderando sobre o assunto. Sentindo a hesitação, Seu Zé faz
outra proposta:
–
E que tal o grupo das merendeiras? Elas fazem um sopão para reforçar o lanche
que as crianças mais carentes ganham na escola. O que sobra, eu e alguns amigos
aqui da comunidade distribuímos, junto com cobertas, para esquentar a noite dos
moradores de rua.
–
Olha, parece interessante... Mas vem cá! E o buraco lá da minha rua?
D.
Olívia, que até aquele momento estava de espectadora, não se conteve:
–
Ih, dona! Tando aqui com a gente, a senhora nem vai mais lembrar que o buraco
existe.
D.
Sílvia agradeceu e foi-se embora. Dizem que fundou uma associação de moradores
do bairro. Continua brigando com a prefeitura por causa de outros buracos. O
grupo de ação social? Vai muito bem! Hoje, a oficina é de tricô e crochê.
Olá gostei do seu blog, estou ensaiando num futuro próximo criar o meu, mas ainda tenho muito a ler de outros blogs para desenvolver minha linguagem.
ResponderExcluirgostaria de receber suas atualizações, se possível via Facebook.
Obrigado
Leandro Pio Barrionuevo
http://www.facebook.com/leandropiomb
Um causo pra ninguém botar defeito. Vou socializar em outras redes que tenho certeza que gostaram da leitura!
ResponderExcluirentre palavras e linhas a reflexão de diversas realidades...
ResponderExcluirBonito texto, empolgante, claro e que provoca pensar...
"pensar é perigoso"
Abração