sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Um Culto de Instalação


Faz alguns dias, participei de uma celebração luterana. Isso porque fui convidado para representar o CEBI-RS no Culto de Instalação da Pra. Cleide na Paróquia da IECLB do bairro onde moro. Como eu já a conhecia dos encontros e cursos ecumênicos espalhados pelo sul do Brasil, sentia-me muito feliz de poder prestigiá-la. Porém, eu não esperava encontrar um rito tão vivo, tão aconchegante, tão participativo.

Espero que me entendam: eu não estava menosprezando a liturgia luterana; é que celebrações como essa tendem a se preocupar mais com os aspectos formais do que com a vida das pessoas. Sabem quando um Padre toma posse em uma Paróquia? Um Culto de Instalação, guardadas as devidas particularidades de cada denominação, é a mesma coisa. Aquela congregação tão singular, tão informal e, ao mesmo tempo, tão cheia de significado encheu-me de santa inveja.

Além da comunidade local, estavam presentes membros de diversas entidades ecumênicas e macro-ecumênicas (SELÉO, CECA, GDIREC e CEBI), líderes da IECLB e estudantes de Teologia da EST. As personalidades iam desde os vice-reitores da Unisinos e da EST, passando pela figura bem peculiar do Bandeira (espírita, membro do GDIREC), até o povo mais simples da comunidade (simples = sem cargos ou participação em outras instâncias). Houve um momento onde as pessoas poderiam dizer o que quisessem para a Pra. Cleide. Todos os segmentos falaram, por meio de seus representantes, de modo que todo mundo se sentiu incluído. Isso, para mim, foi muito especial e diferente de todas as solenidades que participei (aliás, participei não; presenciei).

Finalizando o rito, Cleide nos presenteou com uma reflexão sobre os Discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Não vou entrar em grandes reflexões sobre o texto, até porque já as fiz em outro momento, mas considero muito feliz a escolha do tema. Isso porque Jesus não caminhava lado a lado com dois discípulos quaisquer, mas um casal. Em Lc 24,18 aparece somente o nome de Cléofas. Porém, em Jo 19,25 são nomeadas as mulheres ao pé da cruz: uma delas é Maria, esposa de... adivinhem... isso mesmo! Clopas, que vem a ser o mesmo Cléofas de Lc.

E olhem que feliz coincidência – e aí está outro motivo de santa inveja para mim, que sou católico romano: quem assumiu a Paróquia da IECLB do meu bairro é uma mulher. Embora eu não conheça nenhuma Pastora Sinodal (cargo equivalente ao de Bispo), já me sinto feliz só de ver uma mulher no púlpito. Nossas denominações ainda são bem machistas, mas em algumas as mulheres têm conquistado mais espaços. Oxalá chegue o dia em que elas realmente sejam reconhecidas em condição de igualdade (e santidade?) com os homens.

Saí, por fim, realizado do culto. Que bom seria se todas as celebrações, solenes ou não, fossem assim tão humanas, tão simples e tão conectadas à vida. Glória a Deus!

Um comentário:

  1. Muito obrigada pelo seu texto tão apaixonado. Senti-me orgulhosa, pelas tuas palavras, pois me senti incluida, também sou ministra pastoral na IECLB em Primavera do Leste/MT. Um grande abraço e Deus abençoe também o teu ministério no CEBI.

    Pastora Evelyne Regina Goebel

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