tag:blogger.com,1999:blog-53829615248229512942024-03-19T00:29:08.735-03:00O 'P' da LetraUm ninho de 'p'aragrafos...Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.comBlogger61125tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-44968605188339043402020-06-11T19:20:00.001-03:002020-06-11T19:20:28.028-03:00PÃO OU CARNE? QUE IMPORTA!<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVm5WiqxIHTEgnL9LHgfbWgyddp7dY3lVCJctK4Z-DQ5usdeKZdV1sP7DxElTthI2EGFBU4M2ALTD1ew_A9HaUDK7vaIsHJkWMAbnUK8M54cLXv6tDcs1Xv4zLXY5T6tfXyyM-YU-NdPE/s750/Sem+t%25C3%25ADtulo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="430" data-original-width="750" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVm5WiqxIHTEgnL9LHgfbWgyddp7dY3lVCJctK4Z-DQ5usdeKZdV1sP7DxElTthI2EGFBU4M2ALTD1ew_A9HaUDK7vaIsHJkWMAbnUK8M54cLXv6tDcs1Xv4zLXY5T6tfXyyM-YU-NdPE/s320/Sem+t%25C3%25ADtulo.jpg" width="320" /></a></div>A festa de hoje é uma das
mais controversas do mundo cristão. Nesses dias em que a divisão só fortalece
os fascistas, fazer memória de um milagre que sugere a “supremacia” de uma
religião sobre outras parece incoerente, se não for conivente com os
opressores. Então que tal fazer uma releitura do evangelho de Corpus Christi (Jo 6,51-58)?<o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A eucaristia sempre foi um
dos pontos mais controversos da discussão entre católicos conservadores e progressistas.
O que o isolamento imposto pela pandemia fez foi acirrar ainda mais o conflito.
Os primeiros, repentinamente, “lembraram” o aspecto comunitário da comunhão. De
fato, é o único momento da celebração que precisa do encontro presencial entre
quem ministra e quem come a ceia. O ponto principal da controvérsia, porém, ficou
em segundo plano. Mas parece que temos tempo suficiente, nesta quarentena, para
refletir: A luta é pelo direito de quem comungar?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Referente ao texto de
João. A discussão começa bem antes do recorte oferecido pela liturgia. O
cenário completo ocupa todo o capítulo 6. Da partilha milagrosa dos pães (vv. 1-15)
passa-se à cena de Jesus caminhando por sobre as águas (vv. 16-21 – curiosamente,
houve quem, no dia seguinte, pedisse-lhe sinais) e, depois disso, um grande
debate, que termina com muitos discípulos escandalizados e abandonando o mestre
(vv. 60-66), uma profissão de fé dos apóstolos (vv. 67-69) e um final que
revela um líder sofrendo a dor do abandono (vv. 67-71). Ou seja, a grande
revelação de Cristo – “Eu sou o pão da vida!” (v. 35) – não trouxe alegria e
conforto ao coração de seus seguidores, mas incompreensão, medo, divisão, fuga
e constrangimento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Ora, o que causou esse
desencontro? Até ali, muitos seguiam o Mestre. O que os afastou? O desejo de
poder e a falta de empatia. Desde o início, queriam controlar Jesus. No v. 15, tentaram
“arrebatá-lo” para torná-lo rei. Vendo que não podem controlá-lo, os discípulos
procuram dispensá-lo, colocá-lo em segundo plano, agindo por conta própria (episódio
do barco). Lembremos que, num texto paralelo (Mt 14,22-33), Pedro procura mostrar-se
igual ao Nazareno (e literalmente afunda tentando). Cientes de que não
conseguem enquadrá-lo, então buscam garantir-se por suas próprias ações: <i>“Que
faremos para realizar as obras de Deus (e alcançarmos a vida eterna)?” </i>(v.
28). A resposta: <i>“Acreditem em mim (em vez de tentar me controlar)!”</i> É
então que lhe pedem um sinal (ainda uma tentativa de dar as cartas, ditas as
regras). E aí vem a história do Pão do Céu (vv. 33-35). Os fariseus usam,
então, uma tática conhecida hoje como “envenenando o poço”: <i>“Que pão do céu
o quê? Esse aí é o filho do José!”</i> (v. 42). É neste momento que Jesus sobe o
tom: “comam a minha carne” (v. 51), “bebam meu sangue” (v. 53).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A partir disso, muitos se
escandalizam e deixam de seguir a Cristo. Meu palpite: eles entenderam
exatamente cada palavra do Messias. Comer a carne, beber o sangue significava
ter o mesmo destino que seu Mestre. Importante saber que o evangelho de João é
escrito décadas após sua morte e ressurreição. Quem lia, naquele momento, identificava
os irmãos e irmãs na fé que recuaram diante das provações. Era um tempo de
perseguição. Quem insistisse no “Caminho” chegaria inevitavelmente na Cruz. É
nesse contexto que quem permaneceu fiel – os apóstolos – reconhece nas “palavras
de vida eterna” um motivo para prosseguir. Lembremos que João começa seu
evangelho dizendo que, no princípio, era a Palavra, e a Palavra se fez carne, e
por ela tudo se fez... Ou seja, não é qualquer palavra, mas a Palavra que leva
os fiéis à “criação” de um mundo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Comer o pão, em si, não
significa nada. Ter assegurado o direito de comungar não vale nada se o
critério for pertencer ao seleto grupo dos “santos e santas” de Deus. Vale
lembrar que, instantes depois, Jesus aparenta desprezar a carne: “O espírito
vivifica...” (v. 63). Ou seja, a verdadeira comunhão não é a matéria em si, mas
o Espírito que a transforma em Palavra criadora. Comungá-la não está atrelado a
complexas regras de quem pode ou não pode, mas ao efeito que ela deve causar em
quem nela acredita.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Quando penso que, hoje,
uma parcela considerável do mundo cristão comemora a “posse” do corpo e sangue
de Cristo, fico pensando: e as outras denominações? E os não-cristãos? Ter a
hóstia não deveria ser sinal de privilégio, mas de serviço. Estar a serviço da Palavra
criadora: isso é que importa! Estar a serviço do próximo, seja quem for o
próximo (lembremos que “havia outras barcas com eles” [v. 23]). Estar a serviço
da vida!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">E só pra concluir: Se hoje há vidas
indefesas, elas importam, sim! Mais que as outras? Não! Nem menos! Uma historinha
de internet conta que dois rapazes estavam diante de uma casa em chamas. Um
deles resolveu ajudar. Então rolou o seguinte diálogo:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">— Ei, e a minha casa? Por
que você não vem à minha casa?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">— Ela também está em
chamas?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">— Não!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">— Então venha! Precisamos
ajudar esta aqui!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">— Peraí! Você está
dizendo que a minha casa não importa?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Quem, neste momento, alega
que afirmar a importância das vidas negras é menosprezar as outras vidas, ou
não entendeu a realidade que o cerca, ou está sendo egoísta. Quem comunga
deveria entender a diferença...</span></p>Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-34237797460684447412020-06-09T09:40:00.001-03:002020-06-09T09:40:33.071-03:00COMO CRIAR UMA JUVENTUDE FASCISTASemaninha puxada e decisiva para as minhas pretensões de doutorado. A pandemia e a implementação do novo currículo nas escolas do RS estão pondo meu projeto em cheque. Então é hora de requentar um artigo que publiquei para o PTP (Por trás da Palavra - revista do <a href="https://cebi.org.br/" target="_blank">CEBI</a>). O texto é de antes das eleições de 2018. Será que mudou alguma coisa, desde então?<div><br /></div><div>------------------------</div><div><h1 align="center" style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">COMO CRIAR UMA
JUVENTUDE FASCISTA<o:p></o:p></span></b></h1>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpuindOAk4Zem7mrkjGoxo3m4NH-QQhnorwss3ovje547WGEfxh1gOktlX9Zn84Cry0pk0F7fraiN7pSOllGHUtTCRPa80BHcbcAyWgTVz5wlQ363n87FLvY2wAbofK5ZgVOk7DBtIO5A/s477/Sem+t%25C3%25ADtulo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="310" data-original-width="477" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpuindOAk4Zem7mrkjGoxo3m4NH-QQhnorwss3ovje547WGEfxh1gOktlX9Zn84Cry0pk0F7fraiN7pSOllGHUtTCRPa80BHcbcAyWgTVz5wlQ363n87FLvY2wAbofK5ZgVOk7DBtIO5A/s320/Sem+t%25C3%25ADtulo.jpg" width="320" /></a></div>A mesma geração que, não
faz muito tempo, reclamava “dessa juventude que não quer nada com nada”, teme
agora ser decisiva, netas eleições, a adesão de tantas pessoas jovens ao
projeto político de um líder autoritário que flerta abertamente com o fascismo.
Ora, o mais curioso é que não se espantem com sua própria contradição: como
podem temer a influência de uma parcela do povo tão desinteressada nos rumos da
nação?<p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Pode-se objetar: é
justamente por serem apáticos que foram facilmente cooptados. A verdade, porém,
é que são inúmeros os grupos juvenis organizados, do Levante Popular ao MBL,
passando pelas mais diferentes expressões sociais (político-partidárias, religiosas,
estudantis, esportivas, outras agremiações, etc.), tanto à esquerda quanto à
direita. Podem não representar a maioria do eleitorado jovem, mas servem como
exemplo definitivo de que não estamos diante de uma geração indiferente ao que
acontece ao seu redor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mas é possível ver alguém
que ainda insiste: a maioria dos jovens está alienada, não participa de nada e,
por isso, é facilmente manipulada. Justiça seja feita, primeiro: o número de
pessoas pertencentes à massa desorganizada é predominante na população em
geral; segundo: as pesquisas eleitorais indicam que esta é a faixa etária onde
se encontra o menor percentual de eleitoras e eleitores do candidato do PSL. Admitindo,
porém, que o percentual entre jovens seja alto, a pergunta, diante desse quadro,
deveria ser: Por que são os discursos de intolerância e ódio – e não os de paz
e amor – que soam como o canto da sereia em ouvidos tão incautos?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sem pretender dar conta
do problema em sua totalidade – até porque o objetivo desta reflexão é
priorizar o recorte juvenil –, talvez um olhar para o passado nos traga algumas
respostas. O jornalista inglês Jon Savage escreveu um livro cujo título em
português é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Criação da Juventude</i>
(2009). No capítulo 18, dedicado à juventude hitleriana, podemos ler o
depoimento de uma mulher alemã, Melita Maschmann, que com 15 anos de idade presenciou
(em 30 de janeiro de 1933) o desfile de indicação de Adolf Hitler para
chanceler do Reich. Ela começa nos situando sobre sua realidade de adolescente:
“Naquela idade, a gente vê uma vida de deveres escolares, passeios com a
família e convites para aniversários deploravelmente vazia de significado. Não
se dá crédito a ninguém por estar interessado em mais do que essas ridículas
trivialidades. Ninguém diz: ‘você é necessário para algo mais importante,
venha!’ Quando se trata de assuntos sérios, a gente nem conta.” Constato, como
professor de rede pública, que essa é também a realidade de nossos estudantes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Continuando, ela afirma: “Mas
os meninos e meninas das colunas em marcha contavam. Como os adultos, eles
carregavam estandartes onde estavam escritos os nomes dos seus mortos.” Os
jovens cantavam: “Pela bandeira estávamos prontos para morrer”. Segundo Melita:
“Não era uma questão de roupas, alimento ou redações escolares, mas de vida e
morte”. De acordo com Savage: “O ingresso na Juventude Hitlerista dava aos
adolescentes sem objetivo da Alemanha um propósito na vida e poder contra seus
pais, que estavam, provavelmente, identificados com a desprezada República de
Weimar.” (p. 279). Falta de objetivos (não querem nada com nada?) e conflito
geracional, combustíveis para a manipulação das massas, recurso que o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Führer</i> soube utilizar habilmente – e
Savage, ao demonstrar isso, foi muito feliz, indo ao cerne do problema: “Como
os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fascisti </i>de<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>Mussolini, os nazistas subiram ao poder evocando uma abstração de
juventude como um agente vivo de mudança e realmente mobilizando os jovens por
meio da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mística do conflito, ação e
pertencimento.</i>” (p. 279 – os grifos são meus)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O discurso de Hitler, em janeiro
de 1933, foi realmente incendiário: “Estou começando com os jovens. Nós que
somos mais velhos estamos desgastados. Estamos apodrecidos até a medula. Não
nos resta nenhum instinto incontrolável. Somos covardes e sentimentais. Estamos
carregando o peso de um passado humilhante e temos no nosso sangue o
melancólico reflexo da servidão e da subserviência. Mas os meus magníficos
jovens! Existem melhores em algum outro lugar do mundo? Vejam estes rapazes e
meninos! Que material! Com eles eu posso construir um novo mundo.”
Impressionante a semelhança com as falas do candidato militarista brasileiro:
vergonha do passado, história de escravidão e subserviência, hora da virada...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Lendo tudo isso, não
consigo deixar de pensar no povo aclamando Davi porque este matara dez mil,
enquanto o rei Saul, somente mil (1 Sm 18,7). E o que aquele fez, depois de
coroado? Tornou-se um tirano, capaz de eliminar até mesmo seus aliados. Por
exemplo, não contente com suas sete esposas, mandou matar (em nome da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">família tradicional</i>?) o general Urias
para ficar com sua mulher, Betsabeia, futura mãe de Salomão. Mesmo demonstrando
a crueldade dessa ação real, a Bíblia foi favorável ao filho de Jessé,
demonstrando como o povo o amava e o quanto era querido por Deus, que prometeu
gerar o Messias de sua linhagem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Davi, Hitler e Bolsonaro
cativaram seus súditos com um discurso enérgico, patriótico, triunfalista e –
pasmem! – inclusivo. Embora não dessem aos seguidores o direito de pensar,
seduziram-nos dizendo-lhes o que queriam ouvir. Ora, sabemos que isso é
alienação. Mas existe um modo de falar ao coração das pessoas sem manipulá-las.
Quando Moisés foi chamado por Javé, este deixou bem claro que o enviava para
atender ao clamor do povo (Ex 3,1-10). Deus foi enfático: “eu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ouvi</i> o seu clamor!” (v. 7b). Como propor
aos jovens um mundo de paz e vida em plenitude? Que tal se, em vez de
dizer-lhes o que devem querer, começássemos por ouvir os seus clamores? Muitos
são os motivos para aderirem ao discurso de ódio, mas o principal deles é não
se sentirem incluídos em nossos projetos de um mundo melhor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: red; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<h1 style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">REFERÊNCIAS<o:p></o:p></span></b></h1>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">SAVAGE,
Jon: </span><b style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Os Soldados de uma Ideia: A
Juventude Hitleriana. </b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">In: ______: </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">A Criação da Juventude: como o
conceito de teenage revolucionou o século XX</i><i style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">. </i><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Tradução: Talita M. Rodrigues. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. p.
277-298.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">Bíblia de Jerusalém:</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> nova edição,
revista e ampliada. </span><span lang="IT" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: IT;">São Paulo: Paulus, 2002.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;"><span lang="IT" style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: IT;"><o:p> </o:p></span></p>
<h1 style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: windowtext; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">SÍTIOS<o:p></o:p></span></b></h1>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/09/15/rejeicao-a-bolsonaro-chega-a-56-entre-os-jovens-aponta-datafolha.htm.
Acesso em: 24/10/2018.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">http://datafolha.folha.uol.com.br/eleicoes/2018/10/1983182-com-58-bolsonaro-larga-com-vantagem-de-16-pontos-no-2-turno.shtml.
Acesso em: 24/10/2018.<o:p></o:p></span></p><br /></div>Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-29615511276835017662020-05-30T14:02:00.001-03:002020-05-30T14:20:30.510-03:00Uma Educação gaúcha (e brasileira) pra chamar de sua<div class="" data-block="true" data-editor="6r457" data-offset-key="9p123-0-0" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="9p123-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="9p123-0-0" style="font-family: inherit;">Olá! </span><span style="font-family: inherit;">Hoje quero falar com todas aquelas e aqueles que se preocupam com a Educação no Brasil.</span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="6r457" data-offset-key="7sjnr-0-0" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7sjnr-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="7sjnr-0-0" style="font-family: inherit;"><br data-text="true" /></span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="6r457" data-offset-key="buf1q-0-0" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="buf1q-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;">Caso não saibam, em plena pandemia, o governo do Rio Grande do Sul decidiu encontrar uma base curricular para chamar de sua. Problema nenhum, se ela não fosse implementada goela abaixo, sem diálogo com o corpo docente gaúcho.</span></div><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="buf1q-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="buf1q-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;">Antes que alguém questione, o que recebemos foram questionários e cursos, em que nos obrigaram a responder formulários com a nossa opinião. Sim, obrigadxs! No caso do curso, não responder resultaria em falta não justificada durante, pelo menos, todo o mês de junho.</span></div><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="buf1q-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="buf1q-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;">Pois bem! Durante esse período, tivemos que criar planos de aula a toque de caixa para todos os anos do ensino básico e postá-los na plataforma governamental. Menos de um mês depois, (vejam, que rapidez!), mais especificamente na live da última quarta-feira (vide <a href="https://www.facebook.com/GovernodoRS/videos/3119124668148353/" target="_blank">aqui</a>), o governador veio a público dizer que dia 1º de julho o novo Ensino Médio será implementado em toda a rede e quem assumirá o planejamento curricular será a Fundação Lemann.</span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="6r457" data-offset-key="7qa25-0-0" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7qa25-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="7qa25-0-0" style="font-family: inherit;"><br data-text="true" /></span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="6r457" data-offset-key="bcl4l-0-0" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="bcl4l-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="bcl4l-0-0" style="font-family: inherit;">Conhecem? Quem já lida com a educação, certamente! Mas gostaria de apresentá-la melhor, pois a tendência é que ela assuma a educação em todo o país. Há pouco mais de um ano, saiu uma reportagem no site de notícias da Uol (vide <a href="https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/05/22/com-trajetoria-parecida-deputados-associados-a-lemann-divergem-na-politica.htm" target="_blank">aqui</a>). </span><span style="font-family: inherit;">Separei alguns trechos (mais especificamente, os testemunhos) da reportagem para que tenham uma ideia do alcance da proposta dessa entidade.</span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="6r457" data-offset-key="6u5r5-0-0" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6u5r5-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="6u5r5-0-0" style="font-family: inherit;"><br data-text="true" /></span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="6r457" data-offset-key="6fv4k-0-0" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6fv4k-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="6fv4k-0-0" style="font-family: inherit;">"A cabeça de Jorge Paulo Lemann é voltada para as pessoas. Saber onde estão as <b>pessoas boas</b> do Brasil e dar um empurrão a elas", diz o deputado estadual Daniel José (Novo-SP)</span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="6r457" data-offset-key="1ajtr-0-0" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1ajtr-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="1ajtr-0-0" style="font-family: inherit;"><br data-text="true" /></span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="6r457" data-offset-key="242f2-0-0" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="242f2-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="242f2-0-0" style="font-family: inherit;">"A gente sempre esbarrava em quem segurava a caneta. A gente sentava, conversava com secretários, ministros da Educação, mas quem segurava a caneta, ou por motivações esdrúxulas ou por interesses escusos, ou por realmente não ter vontade de fazer acontecer, as coisas às vezes não andavam da forma como a gente queria. E aí começou a surgir esse questionamento, <b>por que a gente não segura essa caneta?</b>" - Renan Ferreirinha (PSB-RJ)</span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="6r457" data-offset-key="6ppbs-0-0" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6ppbs-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="6ppbs-0-0" style="font-family: inherit;"><br data-text="true" /></span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="6r457" data-offset-key="c48uh-0-0" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="c48uh-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="c48uh-0-0" style="font-family: inherit;">E a "menina-dos-olhos" da Fundação:</span></div><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="c48uh-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="c48uh-0-0" style="font-family: inherit;">"Boa parte das críticas diz que eu fui financiada na faculdade pela pelo (sic) Lemann, mas são críticas muito rasas, independente de que lado elas vem (sic). A minha bolsa na faculdade foi 100% por Harvard. Eles tiveram uma visão de <b>buscar alunos não só que chegaram mais longe, mas que tinham corrido mais</b>, o que eu acho que é uma visão muito mais inteligente, do que a do nosso vestibular" - Tabata Amaral (PDT-SP)</span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="6r457" data-offset-key="cvf69-0-0" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="cvf69-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="cvf69-0-0" style="font-family: inherit;"><br data-text="true" /></span></div><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="cvf69-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="cvf69-0-0" style="font-family: inherit;">Dito isto, a escolha da Fundação como entidade pensante da grade curricular gaúcha (e brasileira) não preocupa só pelo que acontecerá com a educação, que buscará as "pessoas boas" (perceberam que todos os citados e as citadas na matéria pertencem de alguma forma à elite branca do país? o que se fará com o "resto"? estoque de mão de obra? pensante ou escrava?), mas pelo projeto de poder que a Fundação Lemann está emplacando no Brasil. Com o desastre do governo Bolsonaro, é certo que veremos, num futuro próximo (quase presente), muitas pessoas pedindo para que essas cabeças "renovadas" nos salvem.</span></div><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="cvf69-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="cvf69-0-0" style="font-family: inherit;"><br /></span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="6r457" data-offset-key="65k9t-0-0" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="65k9t-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative; text-align: justify;"><span data-offset-key="65k9t-0-0" style="font-family: inherit;">Pois bem! E o que eu quero com essa provocação? Ela serve, no mínimo, para pensarmos o que podemos fazer em relação à juventude, pois - pelo menos, aqui no Rio Grande do Sul - teremos que lidar imediatamente com os estragos causados por esse tipo de formação. Será que o debate hoje se limita ao adiamento ou cancelamento do Enem? O ensino básico deve se resumir a uma preparação e seleção para o mercado de trabalho e a tão almejada carreira universitária? E no pior dos cenários: o que faremos se a ideologia de Leemann e companhia chegarem ao poder? São perguntas, provocações - como eu disse. O que fazer, com quem, quando, como, onde? Perguntas são feitas para ser respondidas. Quem começa a roda?</span></div></div>Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-30613936136641321642020-05-24T22:23:00.000-03:002020-05-24T22:23:06.625-03:00AO SENHOR DEUS DOS CPFS (por um mundo sem palavrões?)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiKTdnYRPr-FoQ1HLYbPxXr7LidGakkxtl_xia-y3rM9D9mhHC2Og62kBaHU7ICb9W0zesfpalVvWgbYtMiwsXuKzOh153KEO-om2vZ1NL8IrQhVr9E4amyXQ4HTEdewySfZFnSZiJYXg/s1600/Polish_20200524_213134695.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="406" data-original-width="559" height="145" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiKTdnYRPr-FoQ1HLYbPxXr7LidGakkxtl_xia-y3rM9D9mhHC2Og62kBaHU7ICb9W0zesfpalVvWgbYtMiwsXuKzOh153KEO-om2vZ1NL8IrQhVr9E4amyXQ4HTEdewySfZFnSZiJYXg/s200/Polish_20200524_213134695.png" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Então... Estou devendo a terceira parte da série sobre a formação do povo brasileiro (a reflexão por escrito; o vídeo já foi postado). Tentarei postar ao longo desta semana. Mas tanta coisa aconteceu nos últimos dias... E eu, como pretenso escritor, senti necessidade de escrever a crônica a seguir. É a mesma que foi postada no <i><a href="https://www.youtube.com/watch?v=uY8NSzumY0U" target="_blank">youtube</a></i>. Boa leitura, e que Deus nos livre (da legião) do mal, amém!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">------------------------</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Oh, Senhor Deus dos CPFs... Perdão, Senhor!
Falhei uma semana!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Sim, Senhor! Eu não posto nada faz 15
dias!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Sim, eu sei, Senhor! Assunto não
falta! Esse é o problema!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eu explico... Eu ia falar do “e daí?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eu sei que é notícia velha! Mas é que
eu tava falando de outras coisas antes, sabe?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É, teve uma galera de ex-ministro na
jogada, teve gente pedindo intervenção militar...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Senhor, pega leve! Estamos no meio de
uma pandemia, poxa!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Que que eu tava falando... Ah, sim!
Então! O... Coiso lá... falou: “e daí?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Pois é! Depois falaram em cancelar
CPF, CNPJ morrendo...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">E eu ia falar sobre as bobagens do
cara lá, né!?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Então... Veio o barbudinho... Como
assim: “qual barbudinho?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O meu ídalo, ora essa! E ele disse “ainda
bem”...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Bah, Senhor, que difícil desdobrar...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Aí lembraram das “feministas do grelo
duro”; “Pelotas, exportadora de viado”...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Oi? Como assim: “olha o palavreado”?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Olha, Senhor, não é por nada, com
todo respeito...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas tu viu o vídeo que saiu essa
semana?<br />
Ah, o senhor, não vê vídeo... O senhor é da moda antiga...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas o teu enviado falou tanto, tanto
palavrão, que eu achei que tava liberado!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ah... Faz tempo que o Senhor não
envia ninguém...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Bom, então tá... Que que eu tô
fazendo aqui...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ah, sim! Eu tava pedindo perdão!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É que é tanto assunto que eu não sei
sobre o que falar, sabe...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Teve aquela história da tubaína! Aí
falaram em tortura militar...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Depois mandaram parar de divulgar que
era boato.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Aí falaram: não, mas é trocadilho com
as pessoas entubadas...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ai, Senhor, se for isso mesmo, é
muita maldade!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas mesmo se não for... Sabe que
tubaína é considerada bebida de pobre, né!?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Quer dizer... Lá pra SP. Aqui no sul
é pepão! Pepão, Senhor! Pe... Pão! Pepsi...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Seja como for, puta piadinha de mau
gosto, né!?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ah... Desculpa! Foi mal... Palavrão
de novo, né... Como o Senhor é sensível...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Não, não, eu entendo! É um palavreado
machista mesmo!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Sabe que outro dia o... o... aquele
um que corre por fora, sabe!?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ele falou que o ex-juiz era muito
ingênuo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Que levou 1 ano e meio pra perceber
que tava no meio de pu... de prostitutas...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eu acho que ele leva muito em conta o
jeito do Coiso falar...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É... Tipo: “ele me traiu”; “suspeito
que não tivesse o mesmo sentimento por mim”; “foi um divórcio consensual”; “reatamos
o namoro”; “querem minha hemorroida”; “vão fudê minha família”...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ai, Senhor, desculpa! Mas é que todo
mundo fala palavrão...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ah, não é isso! É pra parar de fazer
fofoca...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Sim, sim! Tem coisa muito mais grave
acontecendo. Certamente!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ministro querendo legalizar o fim da
Amazônia? Vi, vi...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O outro querendo exterminar povos
originários? O senhor tem razão...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">E aquele um que mandou salvar as
grandes empresas e deixar os microempresários e o povo pobre que se lasque?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É, isso também foi mal...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Povo mais pobre não tem nem como cuidar
da própria higiene...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É, senhor! Mas é que esses caras... Sim,
eu sei! Mas é isso que eu tô falando!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Sim, eles são os culpados! Eu também?
Por quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Porque eu fico pedindo comida pelo <i>ifood</i>?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas eu fico tão entediado...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É, eu sei que esse povo na rua tá em
risco...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Estado deveria cumprir seu dever...
Entendi...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Saneamento básico também? Tá...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tratamento justo, igualdade social...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas eu já cobro isso! É, aqui na
internet... Não dá pra sair de casa agora...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É, ano passado dava! O Senhor tem
razão...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Se eu já participei de algum grupo
organizado?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Deus me livre! Quer dizer, o senhor
me livre! Quer que eu pegue em armas também?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ah, tá! Entendi... Grupos de
resistência pela cultura, pela arte, pela educação, pela ação social...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Entendi, entendi... Igreja não, né!?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ah, tem grupo de igreja se mobilizando
também...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas não é isso que eu vejo! É só povo
fazendo gestinho nazista e, aí, quando tu vai ver, eles dizem que tão orando pro
presidento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tá! É só procurar que tem! Entendi...
Só isso, senhor?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mobilizar o povo pra tirar o Coiso de
lá? Mas só ele não resolve!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ah, os outros também... Mas sem golpe,
né!? É, entendi... Voto consciente, tá...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas senhor... Esperar até 2022... Vai
dar merda! A merda já vem desde 2013, é...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Opa, o senhor falou “merda”! Falou,
sim! Eu escutei! Tá... Não falou... Então tá, senhor!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Semana que vem eu posto alguma coisa
legal então! Falou?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #050505; font-family: "inherit",serif; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI Historic"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tchau, Senhor! Quer dizer... Amém!
Assim seja! Awerê! Aleluia! Axé! Saravá...</span></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-82254581824577755332020-05-09T21:50:00.000-03:002020-05-09T22:09:13.217-03:00A LIÇÃO DE ESDRAS E NEEMIAS: COMO SE CRIA UM NÃO-POVO<div style="text-align: justify;">
Dando continuidade ao debate do <a href="https://opedaletra.blogspot.com/2020/05/moro-vs-bolsonaro-quem-e-o-povo.html" target="_blank">texto anterior</a>, segue o texto que é paralelo ao <a href="https://www.youtube.com/watch?v=BgammXILLcY" target="_blank">segundo vídeo</a> produzido por mim, visando a uma série sobre a formação do povo brasileiro. Boa leitura!!!</div>
<br />
------------------------<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
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</div>
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</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRhSBmuxoFey_7oeRa4Ywbo3YGgRGWF9524RXHY0p7qSs3Zo18QV-003nRTd7o61f44FBQTUJNCaiMDGv3Yny0xoQtAfBBmiHqtq7K1VRGbHceI7oCcMd6gAHe3RC3FqwBGUNKUplFwaA/s1600/Sem+t%25C3%25ADtulo.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="299" data-original-width="398" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRhSBmuxoFey_7oeRa4Ywbo3YGgRGWF9524RXHY0p7qSs3Zo18QV-003nRTd7o61f44FBQTUJNCaiMDGv3Yny0xoQtAfBBmiHqtq7K1VRGbHceI7oCcMd6gAHe3RC3FqwBGUNKUplFwaA/s320/Sem+t%25C3%25ADtulo.png" width="320" /></a></div>
Quando a secretária da cultura (novamente
as minúsculas), cujo ingresso no governo se deu para substituir um homem que
alegou ter reproduzido “sem querer” os efeitos estéticos de uma propaganda
nazista, vai a público ridicularizar a dor das famílias dos mortos pela ditadura,
fica evidente que este não é um governo para todos e todas. E se essa ex-atriz
decide não dizer uma palavra pelas mortes de artistas da envergadura de Flávio
Migliaccio, Aldir Blanc, Moraes Moreira e Rubem Fonseca – “coincidentemente” considerados
<i>persona non grata </i>no período da ditadura militar – quando seu “chefe
supremo” dedica os pêsames a Mr. Reaça e se solidariza com Gusttavo Lima por
ser notificado após embriagar-se fazendo propaganda de cerveja em sua <i>live</i>
– ambos apoiadores do <i>mito</i> –, não resta mais dúvida de que estamos diante
de um governo egoico e – dada sua devoção a regimes militares – facínora.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Agora some a isso os discursos eleitorais
(e de antes, muito antes ainda) do presidento: “É preciso matar uns 30 mil”; “vai
morrer inocente? Azar...”; “vamos metralhar a petralhada”; “não te estupro porque
você não merece<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">”; “<span style="background: white; color: black;">O <em><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-style: normal;">filho</span></em> começa a ficar assim <em><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-style: normal;">meio gayzinho</span></em>, leva um coro, ele muda o comportamento</span>”;</span>
“quilombola não serve nem pra procriar”; “cada vez mais o índio é um ser humano
igual a nós”; etc. Diante disso, a primeira pergunta talvez fosse: quem é digno
de fazer parte de um grupinho tão seleto? Mas a esta tentei responder no texto
anterior. Parece-me óbvio que quem não consta lá compõe o restante do povo
brasileiro. Então a pergunta que devemos fazer agora é: como o governo lida com
esse “resto”?<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Diretamente, parece que tudo não
passa de bravata. Uma bravata cruel, do tipo que reverencia um torturador como
Brilhante Ustra. Mas indiretamente as consequências são terríveis. Camponeses,
mulheres, pessoas trans, índios, quilombolas... Os números de violência e assassinatos
dispararam de 2019 para cá. Como entoou Clara Nunes: “<i>O povo desta terra,
quando pode cantar, canta de dor</i>”. E haja subnotificação e sonegação de
informações. Não fosse o CIMI e o COMIN, a CPT, o Atlas da Violência (em que
pese o IPEA ser um órgão governamental) e outras entidades, não teríamos como
refutar a propaganda do governo, que se gaba de ter os melhores índices de
segurança de todos os tempos. Óbvio: Assim como na ditadura, o que não tem
registro não aconteceu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas isso não é novidade! Que estamos
sob o comando de um grupo genocida empenhado em defender apenas os próprios
interesses, também não. E é justamente aí que reside o problema. Desde os
tempos do Deus dos Exércitos, aquele que mandou Josué passar outros povos ao
fio da espada, que “as minorias se adequam, ou simplesmente desaparecem”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quando Esdras e Neemias, cada um
a seu tempo, tiveram a incumbência de reconstruir Judá, tomaram medidas um
tanto quanto extremas. Os estrangeiros (não-judeus) deveriam deixar o reino – ou
melhor: aquela pequena província que outrora fora um reino e agora pertencia a
uma satrapia persa – imediatamente. Se fossem homens, deveriam levar a família
toda, mesmo que suas mulheres fossem judias. Se mulheres, seguiriam com seus
filhos para o exílio, mas o marido (judeu) poderia ficar. Por que ninguém achou
isso absurdo na época? Ora, o povo simples deve ter achado. Mas os registros
foram feitos por quem sabia ler e escrever, ou seja, a parte intelectual dos
funcionários públicos de então – os escribas. Como convencê-los a fazer uma boa
propaganda do governo? Prometendo a reconstrução do templo (destruído na época
da invasão babilônica), talvez? Será que conseguimos identificar ações
semelhantes em nossos dias?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A restauração do culto a Javé por
meio da reconstrução do templo foi uma maneira de restabelecer o poder da elite
judaica deportada durante o domínio dos babilônios. Naquele momento, o
sequestro da corte do rei Joaquim (especialmente oficiais militares e casta
sacerdotal) proporcionou uma oportunidade única aos pobres que permaneceram na
terra, liderados pelo profeta Jeremias (Aldir Blanc?). Dali até o tempo de Neemias
(a personagem, não o livro) foram 60 anos aproximadamente. Seguramente, quem
foi para o exílio já não era mais vivo ao fim dele. As outrora ricas e extensas
propriedades, abandonadas durante esse período, foram ocupadas naturalmente pelos
remanescentes e por imigrantes que foram se achegando aos poucos. No Brasil não
chegamos a ter uma reforma agrária. Mas programas como o Minha Casa, Minha Vida
e o Bolsa Família, bem como as garantias de soberania dos territórios indígenas
e quilombolas, foram oportunidades concretas de redistribuição (ou manutenção) de
terra e de poder econômico. Regressando do cativeiro, os filhos dos exilados retomaram
os privilégios de seus pais forjando um direito divino à herança e condenando
ao exílio os “impuros” invasores de suas terras. Foi nesse instante que surgiu
a noção de raça judaica pura. E com a bênção do rei estrangeiro. Os tiraninhos
(Esdras e Neemias) tinham carta branca para reconstruir o templo, desde que não
restaurassem a monarquia de Judá (não sonhassem com a independência) e rezassem
diariamente no novo templo (através de Edir Macedo, Malafaia e seus outros
sacerdotes?) pela saúde do tirano-mor (Trump?), o rei persa, ou melhor, o
verdadeiro rei.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se você acha um salto muito
grande transpor o quarto século a.C. para o XXI d.C., então vamos pensar na
formação do povo brasileiro. Proponho uma curta viagem pela literatura, já que
é a especialidade da casa. No século XVIII, quando a Inconfidência Mineira começa
a indicar o desejo de independência da coroa portuguesa, duas obras narrativas –
<i>O Uraguai</i> (Basílio da Gama) e <i>O Caramuru</i> (Santa Rita Durão)
apontam para os índios como bestas-feras, seres inferiores. Bem é verdade que o
romantismo tenta alçá-los, com obras como <i>Iracema </i>e <i>O Guarani</i> (José
de Alencar) à condição de heróis, mas totalmente descaracterizados (cristianizados
e movidos por um espírito “civilizado” e civilizatório). Castro Alves denuncia,
com seu <i>Navio Negreiro</i>, a prática ainda comum do tráfico humano, mas com
vistas a derrubar a monarquia, de economia escravagista, para que então viesse a
república. Que os negros não eram o real motivo da preocupação dos
republicanos, sugere-o o silêncio sobre <i>Úrsula</i>, obra abolicionista da
professora maranhense Maria Firmino.<i> </i>Aluízio Azevedo, Monteiro Lobato e
Euclides da Cunha defendem que um dos maiores problemas sociais do Brasil não seria
a desigualdade, mas a mistura de raças. Segundo eles, o Brasil não teria como
dar certo porque a maioria da população era formada por mulatas sensuais e
caboclos (os verdadeiros sertanejos) vadios e desprovidos de cérebro. Mesmo
Mário de Andrade, progressista, ao representar o povo brasileiro nas cores de
Macunaíma – que aliás era de todas as cores (preto, vermelho e branco) –
define-o como o herói “sem nenhum caráter”, isto é, sem nenhuma característica.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Será impossível perceber que
influência tem essa “herança” cultural sobre o modo como vemos nossos pobres hoje?
Brecht diria:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i>“Quem é teu inimigo?<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i>O que tem fome e te rouba o último pedaço de pão<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i>chama-o teu inimigo.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i>Mas não salta ao pescoço<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>De teu ladrão que nunca teve fome.”<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Será que forço a barra ao dizer
que é mais fácil – e conveniente – convencer uma parcela privilegiada da
população de que é vontade de Deus eliminar os “sujos” e maltrapilhos inimigos
da nação e fazer prosperar aqueles que, apesar de toda sua iniquidade, garantem
a prosperidade da economia mundial? E o mais importante: como desconstruir esse
pensamento hegemônico e fazer surgir um novo céu, um novo tempo, uma terra sem
males?</div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-91167071386291982192020-05-05T14:45:00.000-03:002020-05-05T15:41:31.761-03:00MORO vs. BOLSONARO: QUEM É O POVO BRASILEIRO?<div style="text-align: justify;">
Ok, lá vamos nós de novo! Bloguear está meio fora de moda, mas gosto de escrever. Embora esteja tentando me adaptar aos novos tempos (youtube e quarentena), sinto que falta alguma coisa. Então vou tentar complementar meus vídeos com artigos publicados neste espaço e vice-versa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Estou iniciando uma série sobre o povo brasileiro. Já lancei dois vídeos (mais descontraídos, pois confesso que o objetivo primeiro era chegar aos jovens de grupos de base). Este texto corresponde ao primeiro deles (confira <a href="https://www.youtube.com/watch?v=JDcOzrYNwgc" target="_blank">aqui</a>). Boa leitura!!!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ah, e quem quiser contribuir com críticas (construtivas) e comentários, estes serão bem-vindos, pois o debate é sempre produtivo!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
---------------------------</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Que a peleia entre Moro e
Bolsonaro é uma disputa pelo poder, com vistas ao pleito de 2022, não restam
dúvidas. Porém, o embate entre seus séquitos levanta uma questão: quem é,
afinal de contas, o povo brasileiro? Ou melhor: quem merece ser considerado povo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Durante as últimas manifestações
em prol da intervenção militar – que o presidento (com minúscula mesmo) diz não
ter convocado, mas às quais está sempre presente –, tem sido constantemente
entoada uma espécie de bordão: “<b><u>agora é o povo no poder</u></b>”. A frase
é típica de um líder populista. Entretanto, devemos entender bem o seu
contexto. Allan dos Santos, <i>youtuber </i>com milhares de seguidores, promove
um curso chamado <i>O Povo no Poder</i>. Acreditem: a semelhança não é mera
coincidência. Esse ex-seminarista e moralista autoproclamado cristão é um
potente porta-voz das ideias olavistas e contumaz defensor do clã Bolsonaro. Em
um de seus recentes tweets (21/04/2020), escreveu:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">“ATENÇÃO: criem aplicativos e localizem quem comemora e promove o
comunismo. Assim que o STF decidir, poderemos <b><u>caçar</u></b> essas pessoas
e:<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- prendê-las;<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- ‘linchá-las’ nas redes socias;<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i>- publicar seus endereços
etc.”</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Some-<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">se a isso ideias como: “Bastam um
soldado e um cabo para fechar o STF”; “Tem que estudar como fazê-lo” (um novo
AI-5); “Vamos metralhar a petezada do Acre”; “Brasil, ame-o ou deixe-o!”
(também conhecido como: “Vai pra Cuba!”); e veremos, a qualquer momento,
emergir o Monstro da Lagoa (como na metáfora de Chico Buarque).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A essas alturas já dá pra perceber que
esse “povo” no poder não significa a totalidade do povo brasileiro, mas só um
clubinho dos eleitos. E não pensem que, do lado morista, a situação seja
diferente. A alcunha “vazajato” é proveniente de uma operação onde os fins
justificam os meios, quais sejam, se for para aniquilar o inimigo. O próprio
Moro admitiu ter quebrado uma ou duas regrinhas para garantir o bem “maior” (ou
seria o bem para os “maiorais”?) da sociedade. Seu séquito, no fundo, tem um
discurso idêntico ao do seu – agora – opositor. Tanto é que sua esposa afirmou,
certa vez, ver o então ministro e o Coiso como “uma coisa só”. E a cena de
confronto entre as duas facções – ambas vestindo verde e amarelo – no último
domingo só confirma as semelhanças.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mas então quem é esse povo? As falas
mais recentes do Sr. Jair “resolvem” o mistério.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Depois
de delimitar quem são seus ouvintes:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">“<i>Tô na rampa, dentro da minha casa,
a casa do povo</i>”;<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ele
declarou:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">“<i>Peço a <b><u>Deus</u></b> que não
tenhamos problema nesta semana”</i>;<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E
disparou suas clássicas ameaças:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">“<i><span style="background: white; color: black;">Chegamos ao limite. Não tem mais
conversa. Daqui pra frente não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição. Ela
será cumprida a qualquer preço</span></i><span style="background: white; color: black;">.”</span><span style="background: white;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background: white; color: black;">A referência a Deus e o uso do “nós” são indicativos de que
somente quem o segue fará parte do povo eleito, numa nova terra prometida. E
que ela será implantada a qualquer preço, ou seja, “matando uns 30 mil...”</span><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A</span> bandeira de Israel nas
manifestações “patrióticas” confirma a legitimidade da comparação com Moisés
(embora o combativo governante prefira se igualar ao <i>Messias</i>, mesmo sem
saber fazer milagres...). Dizer que <span style="background: white; color: black;">“o que era velho ficou para trás” também é referência bíblica
(farei um novo Céu e uma nova Terra)</span>. Só que, como é comum aos
fundamentalistas, trata-se de uma leitura que mistura a linha teológica do Deus
vingativo, Deus dos Exércitos, com a do ABBA (não confundir com o nome da banda
sueca!), Deus-Pai, conforme as conveniências.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E por que, necessariamente, há
uma relação entre o “povo” (morista ou bolsonarista) e a Bíblia? Porque a
imagem de um povo que marcha contra tudo e contra todos, amparado unicamente
por seu Deus, um ser ciumento e Todo-Poderoso, que ordena passar os infiéis
pagãos ao fio da espada casa perfeitamente com ideologias autoritárias. É assim
em praticamente todas as teocracias. Foi assim com os golpes militares que
tomaram a América Latina, nas décadas de 60 e 70. E foi em nome de Deus que Hitler
exterminou tantos judeus. Não é por acaso que, na Curitiba de nossos dias, uma <i>socialite</i>
queira impor a quem está respeitando a quarentena que use uma fita vermelha no
braço para ser identificado e não ter o direito à assistência médica, já que
escolheu não “contribuir” (<i>sic</i>) durante este período. Essa ideia levou a
Auschwitz e está intimamente ligada à mentalidade da raça pura, também presente
na Bíblia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O discurso de Moro, se é mais
contido, não deixa de ter os mesmos elementos. Por exemplo, ao rebater as <span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">críticas
de Rodrigo Maia ao seu projeto de lei anticrime, ano passado, ele disse:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><i><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">“Talvez alguns entendam que o combate
ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o <b><u>povo brasileiro</u></b>
não aguenta mais. Essas questões sempre foram tratadas com respeito e
cordialidade com o Presidente da Câmara, e espero que o mesmo possa ocorrer com
o projeto e com quem o propôs. Não por questões pessoais, mas por respeito ao
cargo e ao <b><u>amplo desejo do povo brasileiro</u></b> de viver em um país
menos corrupto e mais seguro.”</span></i><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O pacote em questão trouxe à tona o
problema da tal excludente de ilicitude. Na prática bastaria, por exemplo, os
militares que dispararam 80 vezes “por engano” naquele “acidente” que matou um
músico no RJ alegarem ter agido com excesso de violência por “medo, surpresa ou
violenta emoção”. Sabendo da desigualdade que vigora no Brasil – e que a ação
dos policiais não ocorre na favela da mesma forma que nos bairros nobres –
soldados da PM não precisariam mais justificar o extermínio de pessoas pobres e
negras largando um “confundi o guarda-chuva com um fuzil”. Em tempo: esse item
foi vetado pelo Congresso, mas ainda tramitam novas PLs de Bolsonaro, tentando “ressuscitá-lo”
nas GLO (Garantias da Lei e da Ordem), aplicando-o, por exemplo, no combate às “desordeiras”
manifestações sindicais. Resumindo: o “amplo desejo do povo brasileiro”, seja
ele morista ou bolsonarista, seria exterminar quem não faz (ou não deveria
fazer) parte do povo brasileiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Ah, mas falta um elemento aí! Cadê o caráter
divino da missão salvífica do superministro? Pois bem! Ele termina sua réplica
ao Presidente da Câmara dizendo: <i>“Que Deus abençoe essa grande nação.”</i>
Ora, não é preciso autoproclamar-se enviado de Deus depois desse <i>gran finale</i>.
De resto, observe-se que </span>Padre Ricardo, Malafaia, Edir Macedo e outros
da mesma laia o apoiam tanto quanto ao autoproclamado líder supremo da nação.
Se agora criticam o homem da toga, fazem-no como a um filho mais novo que está
fazendo pirraça ao irmão mais velho. Ter aprisionado Luís Inácio Lula da Silva
– o comunista-mor – ainda lhe confere uma aura de homem santo, enviado de Deus
para trazer justiça a toda a Terra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Controlar as pessoas pela fé
sempre foi um método eficaz. A esperança da eterna recompensa e o medo da
danação eterna mantêm, ainda hoje, o rebanho sob as ordens do pastor. Foi dessa
forma que os reis mantinham, no período medieval, as coisas exatamente do jeito
como estavam. Se o plebeu, em vez de aspirar à nobreza, devia a esta servir
lealmente, não era porque assim determinava o rei, mas por imposição da vontade
divina. Mentalidade de rebanho, de gado. Gado não critica. Gado só obedece. Com
algumas variáveis, a teologia da retribuição, trajada agora de teologia da
prosperidade, continua ainda hoje entranhada na vida de boa parte da população.
A mais carente a ela se agarra para manter alguma esperança e, assim, poder
suportar as dificuldades e impossibilidades do dia a dia. A classe média,
especialmente a baixa, ressentida, para aliviar sua consciência e também por
acreditar que merece favores divinos. Afinal, segundo ela mesma, quem movimenta
a economia do país, quem faz a roda da vida girar? E o pastor? Ora, o pastor
quer o cartão de crédito! Mas com a senha! Senão a graça não vem...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A diferença é que, agora, não se
espera mais que Deus dê a cada um, cada uma conforme suas obras, mas que Deus
dê para mim. E que o outro, o inimigo seja eliminado. Ao fio da espada.
Bolsonaro já disse: “minha especialidade é matar”. O comentário não carece de
explicações. Moro parece mais polido. Entretanto, sua espada é igualmente
assassina. Se não tira a vida do oponente, destrói sua imagem, o que – em pleno
século XXI – quer dizer a mesma coisa. Tem a toda poderosa Globo à sua
disposição e sabe muito bem como usá-la.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E essa é a máxima do atual
momento brasileiro. Quem pertence ao “povo” viverá, e a verdade o libertará (e
a verdade é que um defensor dos direitos humanos não é páreo para uma
escopeta). Aos demais, o fio da espada, real ou virtual. Quem são os demais?
Isto é, quem é o não-povo? Esse é o tema da nossa próxima conversa...</span></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-82165996864574485462020-04-13T11:38:00.000-03:002020-04-13T11:38:35.357-03:00COISA DE COMUNISTA<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #14171a; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Esse
tempo de quarentena tem sido rico em procrastinação. E por isso aqui estou eu.
Em vez de dar atenção a assuntos importantes, como o meu doutorado, estou agora
querendo extravasar a minha ira por ter ouvido, na primeira hora do dia, um
boçal dizer que, se fôssemos governados pela esquerda, a situação estaria pior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #14171a; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #14171a; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Buenas...
Será preciso demonstrar a diferença de tratamento da pandemia entre a comunista
China e o capitalista EUA? E o pior: como alguém bem lembrou, o país da
liberdade só liberta o mundo dos malvados comunistas nos filmes. Na realidade,
como diz a canção: “O presidente dos Estados Unidos protege o mundo livre do
mundo preso, e prende quem for preciso pra não deixar o presidente indefeso”
(Nei Lisboa – Deu na TV). Aqui fora, no mundo real, não só os EUA têm que
recorrer aos comunistas chineses, como ainda confiscam sua ajuda a outros
países que sempre lhe serviram (ao Tio Sam) de capacho, de quintal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #14171a; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #14171a; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Comunista,
aliás, como diria outro filósofo de internet (e nem sempre devemos descartar o
que eles dizem), na visão ultradireitosa, é todo aquele, toda aquela que
discorda do meu ponto de vista (Dória, o mais recente vermelhinho do pedaço,
que o diga!).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #14171a; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #14171a; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Pois
bem! Mas a China, dirão alguns, é comunista internamente, porque nas relações
exteriores se comporta como o mais sedento dos capitalistas. Então vamos lembrar
de Cuba, que mais uma vez está exportando médicos. Sua ajuda chegou a ser
cogitada no Brasil. Preciso dizer por que a proposta não foi adiante? E
enquanto os EUA dão a volta em seu “parceiro” do talkey, a Rússia manda ajuda
para a Venezuela. Enquanto nos outros países o Estado socorre até mesmo financeiramente
sua população, no nosso a ajuda veio a jato para os bancos, ao passo que os míseros
R$ 600,00 (é bom lembrar que o governo queria dar somente R$ 200,00) destinados
à parte mais pobre da população precisam passar por um incansável processo
burocrático antes de serem liberados. E a oposição ainda precisou fazer pressão
para que os bancos não tomassem, desse dinheiro, o que os pobres lhe “devem”. Mas
a cereja do bolo é o Guedes muquirana (com as pessoas, não com os bancos e
megaempresários) ficar ainda misereando a compra de testes e equipamentos para
o enfrentamento da pandemia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #14171a; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #14171a; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Como se
nada disso bastasse, olhe para as propostas da direita. Aliás, a proposta:
vamos salvar a economia. Do outro lado, todas as ideias vão no sentido de
salvar as vidas primeiro. Mas os mal intencionados, ecoados por gente que há
muito perdeu qualquer noção da realidade, resolveram dizer por aí que tudo isso
é fruto de um plano global para derrubar nosso Presidento. Resumindo, o mundo
todo está apavorado com uma doença que veio do Oriente comunista com o único
intuito de ferrar com o dirigente brasileiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #14171a; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #14171a; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Quero
dizer, por fim, que estou usando aqui os termos comunismo e capitalismo como o
senso comum do momento os têm utilizado. Eu sei, qualquer pessoa minimamente
informada sabe que há outros matizes, outras nuanças na aquarela política e econômica.
Não me surpreende que quem só enxerga em seu espectro duas cores – verde e
amarelo (misturados) de um lado e vermelho do outro – encontre agora, no meio
do furacão, energia para atacar os partidos de esquerda (e os nem tão de
esquerda assim, como no caso Witzel, por exemplo). É uma maneira de aliviar a
própria consciência por ter eleito uma besta para liderar nossa nação. Eu
entendo, e é justamente isso que me deixa mais indignado.</span></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-6192875378290437722019-10-04T10:17:00.001-03:002019-10-04T10:17:44.725-03:00O Ecumenismo segundo Francisco<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-indent: 0cm;">
De todas as
causas pelas quais lutaram nossos modelos de virtude do passado, qual delas é
mais ecumênica do que o amor não somente pela humanidade, mas por tudo que
compõe o Universo? Francisco de Assis merece muito mais do que um texto
requentado (estou agora, na verdade, reescrevendo uma ideia publicada
originalmente <<a href="http://brasilfranciscano.blogspot.com/2009/01/por-um-francisco-ecumenico.html" target="_blank">aqui</a>>), mas o importante é fazer memória deste 04 de outubro, dia
do <i>poverello</i>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-indent: 0cm;">
Reza a lenda
que o jovem rico Giovanni di Pietro di Bernardone inicia a trajetória que o
levará a se tornar Francisco de Assis quando encontra, à beira do caminho, um
leproso. Ao longo de sua vida, deve ter encontrado inúmeros homens e mulheres
nessa situação. Os biógrafos dizem que ele tinha verdadeiro horror de presenciar
essas pessoas se desmanchando ao ar livre. Só que, buscando imitar a Cristo,
sente a necessidade de vencer esta barreira. Quem já havia se despido literalmente
de tudo para viver o Evangelho não tinha mais nada a perder, senão o próprio
asco. O homem na estrada é sua oportunidade, e ele a abraça – e beija.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-indent: 0cm;">
A exemplo de
tantos relatos bíblicos em que Jesus cura os leprosos, Francisco não perguntou
pela religião do homem. Não pediu que ele primeiro acreditasse na santa Igreja e
confessasse sua fé em Cristo para poder ajudá-lo. Verdade seja dita, não operou
nenhum milagre; pelo menos, não no doente. O que mudou foi seu interior.
Vencido o nojo, pôde enfim abraçar integralmente sua vocação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-indent: 0cm;">
Outro episódio
revelador é a contemplação da <i>Cruz de São Damião</i>. Diante dela, não
sente vontade de ajudar na liturgia, nas pastorais, nos ministérios da Igreja
(funções às quais, diga-se de passagem, os leigos só tiveram acesso após o
Concílio Vaticano)… Antes, dedica radicalmente sua vida aos mais pobres, que não
tinham direito a nada, nem à religião, nem mesmo à vida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-indent: 0cm;">
Tomado pelo
verdadeiro amor universal, declarou o sol e a lua, a Terra e até mesmo a morte
como irmãs e irmãos. Ninguém viveu melhor do que ele a <i>oykoumene</i> (casa
comum). Nem mesmo os grandes predadores (que podem ser tanto os poderosos
políticos, latifundiários, grandes empresários, como leões, serpentes, lobos,
etc.), que também não perguntam pela fé de suas vítimas. Ele elevou a máxima de
não fazer acepção de pessoas (<i>Gl 2,6</i>) à missão de amar todas as
criaturas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-indent: 0cm;">
Essa
recordação se faz necessária nos dias que estamos vivendo. Demarcação indígena
pra quê, se o que importa são os minérios debaixo da Terra? Direitos Humanos,
só se for para humanos direitos (nada de direitos pros manos, talkey?). Nada
contra relacionamentos homossexuais, desde que não fiquem de safadeza em
público e não adotem nossas crianças. Os trabalhadores devem decidir entre
salário de fome e poucos direitos, ou nenhum salário e nenhum “privilégio”.
Mulher tem que ganhar menos porque engravida. Trabalho infantil não faz mal. A Terra
é plana...<o:p></o:p></div>
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-indent: 0cm;">
Sem uma visão
macroecumênica, sem abraçar a todas como irmãs (inclusive a irmã Amazônia) e a
todos como irmãos, não deixaremos apenas de ser cristãs e cristãos; deixaremos
de existir.<o:p></o:p></div>
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ousando ser como Francisco, cantemos:</span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/OJabpOhA3aU/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/OJabpOhA3aU?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span>Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-81643396075772460082018-12-30T22:58:00.000-02:002018-12-31T12:03:34.947-02:00O MEC, UM DISCURSO E O ANO NOVO<div style="text-align: justify;">
<div style="margin: 0cm 0cm 6pt;">
<span style="font-family: "courier new";">A
última postagem de 2018 bem podia ser um desejo de Boas Festas, ou de um Feliz
2019, mas...<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 6pt;">
<span style="font-family: "courier new";">Tive
conhecimento hoje de uma notícia publicada em 13/12/2018 no <b style="font-family: "courier new", courier, monospace;">G1</b>,
sob o título <b><i style="font-family: "courier new", courier, monospace; font-weight: bold;">"MEC
propõe prova como a da OAB para professores atuarem no ensino básico" </i></b>(leia <a href="https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/mec-propoe-prova-como-da-oab-para-professores-atuarem-no-ensino-basico-23303079?utm_source=Whatsapp&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar&fbclid=IwAR34nwfpE2NkeMD-Y6N2ZNwjZ9LMHtsZka8O5Kgw-zzOk_UZ-Khw6r5FsTI" style="font-family: "courier new", courier, monospace;" target="_blank">aqui</a> na íntegra).<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 6pt;">
<span style="font-family: "courier new";">Como
bem colocou uma colega de magistério, </span><span style="background: white; color: #1d2129; font-family: "courier new";">já existe um mecanismo de
avaliação: chama-se CONCURSO! Isso mesmo! Aquele exame que anda tão "esquecido"
pelos nossos governantes. Ainda segundo ela: "Nosso país, na área da
educação, não precisa de cobrança, precisa de recurso, precisa de respeito, de
reconhecimento."</span><span style="font-family: "courier new";"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 6pt;">
<span style="background: white; color: #1d2129; font-family: "courier new";">Partilho de sua indignação! O tempo todo o discurso da elite
busca convencer a população de que nós, professoras e professores, não sabemos
o que estamos fazendo em sala de aula. Felizmente, temos os estudantes como
testemunhas. Eles e elas sabem o que fazemos e, de muitas formas, dão mostras
desse reconhecimento. Foi pensando nisso que escrevi o meu discurso de
paraninfo, proferido na última sexta-feira (28/12).</span><span style="font-family: "courier new";"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 6pt;">
<span style="background: white; color: #1d2129; font-family: "courier new";">Gostaria, portanto, de deixá-lo aqui, desejando entrar
no Ano Novo com outro tipo de mensagem, algo que contemple o que foi meu
2018 e partilhe o que espero não só de meus estudantes, mas de todas e de todos
à minha volta em 2019. Boa leitura e... Vamos à luta!!!</span><span style="font-family: "courier new";"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 6pt; text-align: start;">
<span style="font-family: "courier new";">---------------------------------------------------------------------------</span></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSzjm72cLqBiubhBxuzmBbYmwxvd_ItMR8YRFtKj3HXphImLD3tdIyzutU8rcvwu9cHdi1vQo37JxtNqknMJkJo2Pws-C4OvMj3kQKqg8uxpnsuVjK6-L2GWMWs8-_uXb7GnvDE9rIPDQ/s1600/Z%25C3%25A9+Dez+-+Paraninfo+1.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="780" data-original-width="1040" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSzjm72cLqBiubhBxuzmBbYmwxvd_ItMR8YRFtKj3HXphImLD3tdIyzutU8rcvwu9cHdi1vQo37JxtNqknMJkJo2Pws-C4OvMj3kQKqg8uxpnsuVjK6-L2GWMWs8-_uXb7GnvDE9rIPDQ/s320/Z%25C3%25A9+Dez+-+Paraninfo+1.jpeg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Queridas jovens, queridos jovens, peço a
vocês, razões desta solenidade, licença para dizer, ainda, algumas palavrinhas.
Espero não seja algo do tipo “última aula”. Alguns de nós, professoras e
professores, temos esse costume de querer transformar qualquer momento em uma
oportunidade de aprendizado. Mas... Chega, né!?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Falo especialmente por minha experiência
com o noturno. Nunca vi jovens tão ansiosos pelo fim de uma etapa. Algo
preocupante e incompreensível para nós, adultos que olhamos com saudosismo para
o que chamávamos de colegial. Vai aí, claro, um certo distanciamento. O tempo
passa... Temos o costume de enaltecer os tempos idos
e criticar ferozmente o momento presente. Mas falo em comparação com as turmas
anteriores. Vejo um crescente desejo de sair logo da escola.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Vivemos, obviamente, um processo contínuo
de aceleração. Tudo é muito conectado, muito <i style="mso-bidi-font-style: normal;">online</i>. Pensemos no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">videogame</i>.
Os jogos exigem respostas rápidas, do tipo “atire primeiro, pergunte depois”. O
computador vai propondo missões, aumentando o grau de dificuldade, jorrando
problemas para resolvermos. E nós? Nós não vivemos, apenas reagimos, sobrevivemos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Sem perceber, somos treinadas e treinados
diariamente para realizar tarefas. Cadê de parar e refletir? Não dá tempo! Há
um inimigo logo ali! Tantos tiros, tantos pontos. A tela mostra, implacável e
instantaneamente, a nossa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">performance</i>.
E o pior: o resultado nunca é satisfatório. Estamos sempre sob pressão. E assim
jogamos o que deveria ser apenas um entretenimento como se disso dependessem
nossas vidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Talvez por isso cada geração queira mais
rapidamente o fim das missões, digo, das etapas. E esse resultado, digo, essas
notas que não saem logo? Posso dizer, aqui, caros formandos, o que se dizia em
sala de aula sobre os professores que não divulgavam as notas logo depois da
prova? O nível de ansiedade é absurdo! Antes tínhamos estudantes que, no auge
daquela explicação tri complexa, erguiam a mão para romper o silêncio e dizer
essas sábias palavras: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Posso ir ao
banheiro?”</i> Hoje, a pergunta que mais se ouve é: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Que aula a gente tem depois?”</i> Ou pior: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“O que nós tem depois?”</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Jovens, por favor... Vivam o presente! Pode
não ser maravilhoso... Vocês mesmos são testemunhas do que estamos vivendo. Há
décadas que o ensino vem sendo sucateado, que não só os professores, mas a
escola como um todo vem sendo desvalorizada. Aliás, vai aqui o meu muito
obrigado a vocês! Quantas vezes foram compreensivos e ajudaram a escola a
atravessar tantas turbulências. Eu mesmo presenciei estudante brigando nas
redes sociais e na porta da escola para defender os professores e a luta por
uma educação de qualidade. Meu desejo é que tenham aprendido com isso o quanto
é importante lutar não só pelo próprio umbigo, mas pelo bem de todas e de
todos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">O que fizemos (ou, pelo menos, gostaríamos
de ter feito) foi dar instrumentos para vocês navegarem. A física, para
calcular a velocidade, o tempo e o espaço de suas realizações. A biologia, para
testar a resistência do seu organismo. A química, para pensar todas as
combinações possíveis e saudáveis para que tenham energia. A matemática, para calcular
as probabilidades. A história, para que certos erros não se repitam. A
geografia, para saberem onde estão pisando. A filosofia e a sociologia, para
que pensem; não reajam apenas. A educação física, para explorarem os limites de
seus corpos. As linguagens, enfim, para que se comuniquem. A arte e, em
especial, a literatura<a href="https://www.blogger.com/null" name="_Hlk533769288"> – </a>esse meu xodó –, para que
a imaginação seja sua bússola nessa nova caminhada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnAArV4YhYRDNchlWc1DwdYisD145td1hLpRjWCs0mdUrUniTI_mmxwPAJheHWI4yZ0IFp22nC5sJ93cFJU6NKWS9CbagVxLRVYBdGDxgqsMajkVPWgPnE6fYn_pwWOLWVpg4uIEhm9-k/s1600/Z%25C3%25A9+Dez+-+Paraninfo+2.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="850" data-original-width="1280" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnAArV4YhYRDNchlWc1DwdYisD145td1hLpRjWCs0mdUrUniTI_mmxwPAJheHWI4yZ0IFp22nC5sJ93cFJU6NKWS9CbagVxLRVYBdGDxgqsMajkVPWgPnE6fYn_pwWOLWVpg4uIEhm9-k/s320/Z%25C3%25A9+Dez+-+Paraninfo+2.jpeg" width="320" /></a><span style="font-family: "georgia" , serif;">Vocês estão prontas, vocês estão prontos!
Não se percam! Sejam felizes e, mais uma vez: Vivam o presente! Estejam com os
pés fincados no chão da realidade. Olhem o mundo à sua volta. Vocês estão
livres da escola, mas não da vida. Há um futuro imenso pela frente. Pode ser
grandioso, ou apenas uma sucessão de tempos. Isso depende, em grande parte, de
vocês. Se não entenderem o momento atual, se não buscarem respostas, não haverá
futuro com que sonhar. Avante, linda juventude do CAIC Madezatti (nome da escola)!</span></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-21257988326837446582018-12-09T16:00:00.000-02:002018-12-09T16:00:07.090-02:00NÃO DESCANSAREMOS ATÉ ENCONTRAR A FELICIDADE<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A pastoral da Juventude nacional da </span><span style="font-size: 16px;">ICAR </span><span style="font-size: 12pt;">está lançando uma nova
campanha. Desta vez, o movimento é de enfrentamento aos ciclos de violência
contra a mulher. Aqui no Rio Grande do Sul houve um encontro em junho deste ano.
O lema, inspirado em um versículo bíblico, foi: <i>“</i></span><i><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: HE; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Não descansaremos até encontrar a felicidade.</span></i><i><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">”</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A frase original é de Noemi, sogra de Rute. O texto bíblico é mais
ou menos assim: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“</i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: HE; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Minha filha, não
hei de buscar-te um lugar de repouso, para que sejas feliz?</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">”</span></i><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> (Rt 3,1).
Há uma ligação especial entre essas duas mulheres. Noemi é uma retirante.
Fugindo da fome, ela e o marido Elimelec (ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Elimeleque</i>) saem de sua terra, Belém de Judá, com seus dois filhos,
Maalon (ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Malom</i>)<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>e Quelion (ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quiliom</i>),
rumo a Moab (ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Moabe</i>). Estes, por
sua vez, desposam duas moabitas, Orfa e Rute. Acontece que os homens dessa
história morrem todos, deixando as três mulheres viúvas, duas delas muito precocemente.
Ciente disso, Noemi despede as duas, pois pretende voltar a Belém e deseja que
ambas reconstruam suas vidas junto a seu povo. Depois de muito choro, Orfa
aceita a proposta, mas Rute responde corajosamente: “Onde for sua morada, será
também a minha. O teu povo será o meu povo e o teu Deus, o meu Deus.” (Rt 1,16).
É essa firmeza que transforma a sogra em mãe e protetora. Juntas, elas têm um
plano para prover sua segurança, isto é, um lugar de repouso. Numa expressão de
nossos dias, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“ter</i> (um lugar) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">onde caírem mortas”</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Que plano é este? Veremos adiante! Antes, porém... Como bem sabemos,
Rute é bisavó de Davi (Rt 4,17). Na genealogia de Jesus, segundo Mt 1,1-17,
cinco mulheres merecem destaque: ela, Tamar, Raab (ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Raabe</i>), a esposa de Urias (Betsabeia ou </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Bate-Seba</span></i><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">)
e Maria. O curioso é que as genealogias eram um modo de identificar a pureza da
linhagem patriarcal dos filhos (homens) de Israel. Por que, então, citar essas
cinco mulheres? E mais... Cinco pecadoras?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Pecadoras, sim! Pelo menos, na ótica patriarcal. Senão, vejamos:
Tamar foi para a esquina fazer ponto e, nisso, aplicou o famoso “golpe da
barriga” em seu sogro Judá (Gn 38,15-19); Raab era prostituta (Js 2,1; 6,17.25);
Betsabeia, casada com Urias (2Sm 11,3), general – isto é, homem de confiança –
de Davi, deu a este dois filhos (o primeiro, morto ainda bebê [2Sm 12,16-18a];
o segundo, Salomão [2Sm 12,24]). Quanto a Maria... É um pouco mais complicado
de afirmar, mas... esqueçamo-nos, por instantes, de que há uma tradição piedosa
de mais de dois mil anos por trás de sua história. Como soaria a vocês, hoje, a
gravidez de uma adolescente por obra do Espírito Santo? Para José não foi muito
diferente. Tanto que ele quis abandoná-la (Mt 1,18-19). Não fosse um anjo...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Todas
essas mulheres, ou tinham motivos nobres para o que fizeram, ou foram vítimas
das circunstâncias. Observem, por exemplo, o que diz 2Sm 11,4: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“</i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: HE; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Então, enviou Davi mensageiros que a
trouxessem; ela</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">
</span></i><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">(Betsabeia)</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: HE; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> veio, e ele se deitou com ela. Tendo-se ela
purificado da sua imundícia, voltou para sua casa</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">”</span></i><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">. Aulinha
básica de português: quando o verbo está na voz ativa, quem pratica a ação é o
sujeito. Em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“</i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: HE; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">ela</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> </span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: HE; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">veio, e ele se deitou com ela</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">”</span></i><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> não diz
que Betsabeia busca o ato sexual, que é intenção dela ter relações com Davi.
Quem domina a cena é o rei. A ela cabe apenas limpar-se, após a consumação, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“de sua imundícia”</i>. Ou seja: o rei quis,
mas quem ficou impura? No mundo governado pelos homens é assim: o regente
manda, a súdita obedece (e leva a culpa).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">É muito importante ter isso em mente porque é do que se trata o
capítulo 3 do livro de Rute. A história se parece com a de Tamar. Esta enganou
o sogro porque primeiramente este a tapeou, não fazendo seus filhos cumprirem a
lei do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">levirato</i> (que obrigava o
cunhado a casar-se com a viúva de seu irmão e gerar filhos que pertenceriam à
genealogia deste – Dt 25,5-10). Também Rute era viúva, mas não tinha cunhado,
pois ambos os irmãos haviam morrido (Rt 1,3-5). Não ter herdeiros era sinal de
maldição entre os homens. Por sorte, havia um parente, uma pessoa importante da
família de Elimelec. Este homem era Booz (ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Boaz </i>– Rt 2,1). E aí entra em ação o plano das duas mulheres
desamparadas. A lei do levirato era extensiva aos parentes mais próximos, caso
não houvesse um irmão para assumir o compromisso de dar uma linhagem ao
falecido. Assim como Tamar enganou o sogro Judá, fazendo-o acreditar que ela era
uma prostituta, Rute teve que manipular os acontecimentos. Embriagou Booz e deitou-se
com ele, que naquele momento pensava apenas estar desfrutando dos prazeres concedidos
por uma linda estrangeira (Rt 3,1-8). Quando soube, porém, que se deitara com a
viúva de um membro de seu clã, tentou passar a responsabilidade a outro. Este
recusou, para não prejudicar seus herdeiros (Rt 4,6). Booz não teve outra
alternativa, então, a não ser assumir as consequências por seu ato (Rt 4,9-10).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Na ótica machista, Tamar e Rute aplicaram um golpe. Se é verdade
que os fins não justificam os meios, por outro lado bem disse o filósofo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Thoreau</i> que, diante de governos tiranos
e leis injustas, só nos resta a desobediência civil. Se hoje juízes
mancomunados com o poder distorcem a letra, as mulheres empobrecidas da Bíblia não
ficam esperando a justiça (nem a humana, nem a divina) atuar “naturalmente”. Se
Jesus disse para sermos sábios como as serpentes (isto é, os escribas – Mt
10,16), é com inteligência que elas combatem o mal e lutam por seus direitos,
assumindo o protagonismo de suas vidas e forçando os acontecimentos a
desembocarem em sua libertação. Isso, por si só, já é motivo mais do que
suficiente para que estejam na genealogia de Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O presente momento é de repensar nossa caminhada. Que frutos
colhemos atualmente em nosso processo de resistência? Qual o papel das mulheres
nessa luta? Respeitamos seus espaços e lutamos, com elas, pela valorização,
conquista e/ou manutenção de seus direitos? Que direitos são estes?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Precisamos ouvi-las, empaticamente. Mateus escolhe cinco mulheres
em situações emblemáticas para nos lembrar disso. É nosso dever, portanto, admitir
no mínimo que, se elas dizem estar sendo oprimidas, estão, de fato, sendo
oprimidas. Não é vitimização dizerem que fulano, por mais respeitável que seja
nos círculos mais progressistas, libertários (como deveriam ser respeitáveis Judá
e Booz, no seu tempo), teve uma atitude machista com elas. É muito importante,
também, o resgate da memória, mostrar que a história não é feita somente de
homens. E mais: que elas estiveram presentes nos momentos cruciais (como ao pé
da cruz, por exemplo). Foi isso o que Mateus fez; é isso que devemos fazer. Não
descansemos, enfim, enquanto não conquistarmos, para todos <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>e todas</u></i></b>, a
felicidade.</span></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-33895952741213516412018-11-25T02:44:00.000-02:002018-11-25T02:44:02.097-02:00MAXIPIRULITO, ULTRAVIOLETA!<br />
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="mso-fareast-language: PT-BR;">Se tem uma coisa que precisa mudar (talkey!), é trabalhar nas escolas a
literatura contemporânea por último. Esta semana foi cheia de emoções e debates
interessantíssimos sobre a música de Chico Buarque e outras composições da
época da ditadura militar. Definitivamente, a juventude tem sede de saber sobre
seu passado, pelo menos o recente, aquele que se lhe aproxima mais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="mso-fareast-language: PT-BR;">Fugindo [<i style="mso-bidi-font-style: normal;">pero no mucho</i>] das
canções tradicionais (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Apesar de Você</i>,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cálice</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Geni e o Zepelim</i>...), trabalhei os musicais “infantis”. Os
trabalhos selecionados foram <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ciranda da
Bailarina</i> (1983) e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Piruetas </i>(1981),
do Chico; e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Circo</i>, de Sidney Miller
(1967).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="mso-fareast-language: PT-BR;">De cara, as turmas perceberam, pelas datas, que as letras poderiam
conter “mensagens subliminares”. Mas não faziam uma ideia exata do que
descobririam. Grande foi sua surpresa ao fazer o exercício de interpretação dos
textos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="mso-fareast-language: PT-BR;">Comecei pela <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bailarina</i>. Essa
pessoa, sem defeitos, parece também não ter virtudes. Afinal, a música é
composta por uma série de neg</span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-language: PT-BR;">ativas e nenhuma
afirmação sobre a protagonista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E não tem coceira<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Verruga nem frieira<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Nem falta de maneira<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Ela não tem<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-language: PT-BR;">[...]<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Nem unha encardida<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Nem dente com comida<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Nem casca de ferida<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Ela não tem</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-language: PT-BR;">Só para
realçar a importância dessa ausência de caracteres, notem a diferença em
relação à Geni (de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Geni e o Zepelim</i> -
1978), um travesti coberto de defeitos, mas que é quem, no fim das contas, salva
o dia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas, de fato, logo ela<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tão coitada e tão singela<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 6.0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Cativara o forasteiro<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 6.0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[...]<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A cidade em romaria<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Foi beijar a sua mão<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O prefeito de joelhos<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O bispo de olhos vermelhos<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">E o banqueiro com um milhão<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vai com ele, vai, Geni!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vai com ele, vai, Geni!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Você pode nos salvar<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Você vai nos redimir<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Você dá pra qualquer um<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 6.0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Bendita Geni!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-language: PT-BR;">Nossa “heroína”,
ao contrário, não salva ninguém. Não comete erros, tampouco acertos. Seus
passos são controlados, ensaiados, metódicos talvez, decorados com certeza. Não
faz nada, absolutamente nada além do que manda a coreografia, ou seja, sempre
dança conforme a música.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-language: PT-BR;">Em minha
pesquisa, nada encontrei que confirmasse o que estou prestes a dizer (o que não
surpreende, dado o aspecto apocalíptico das canções da época). Então avisei os
estudantes que tratassem como uma suposição apenas (alerta que também faço a
você) e comecei: Há quem afirme que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bailarina</i>
pode ter sido um código, nos tempos da ditadura, para se referir ao dedo-duro,
aquela pessoa que, para salvar a própria pele, entregava toda a rapaziada
(tomando uns tapas ou não).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É um tema um tanto controverso.
Como falei, faltam informações. O próprio Chico nada fala sobre isso. Todavia,
que não se trata de uma simples música infantil, atesta-o a própria letra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Reparando
bem, todo mundo tem pentelho<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Só
a bailarina que não tem</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Chico provavelmente sabia que que
esse detalhe “íntimo” traria consequências. Era praticamente um recado: “Olha
só, pessoal! Quando virem um trabalho meu censurado, prestem bem atenção na
letra.” E que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bailarina</i> é um código
pode-se deduzir de sua recorrência nas canções de protesto, como a de Sidney Miller
(</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Circo</i><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">
- 1967):<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 35.4pt; text-indent: .05pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Fala o fole da sanfona, fala a
flauta pequenina,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 35.4pt; text-indent: .05pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Que o melhor vai vir agora, que
desponta a bailarina.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 35.4pt; text-indent: .05pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Que o seu corpo é de senhora,
que seu rosto é de menina.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Quem
chorava já não chora, quem cantava desafina,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Porque a dança só termina quando a noite for embora.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tendo os olhos treinados, pode-se
perceber aqui a relação entre a bailarina e a tortura. De fato, enquanto eu
escrevia esse texto, minha revisora preferida (minha esposa, historiadora) fez
outras pesquisas e encontrou o seguinte:<o:p></o:p></span></div>
<div class="content-textcontainer" style="background: white; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Adolescentes
internados no Centro Socioeducativo (CSE) em Boa Vista [RR] sofrem,
cotidianamente, torturas como medida disciplinar dentro da unidade. É o que
aponta um relatório do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura
(MNPCT) apresentado nesta terça-feira (16) por Fernanda Giviez, perita do
órgão.<o:p></o:p></i></div>
<div class="content-textcontainer" style="background: white; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">De acordo com a
perita, os internos chegam a passar 12 horas algemados em grades com as mãos
para cima e nas pontas dos pés. Esta é uma prática de tortura conhecida como ‘bailarina’.<o:p></o:p></i></div>
<div class="content-textcontainer" style="background: white; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">[...]<o:p></o:p></i></div>
<div class="content-textcontainer" style="background: white; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; letter-spacing: -.4pt;">Aqui é utilizada a ‘bailarina’,
que é uma prática de tortura utilizada durante a ditadura civil-militar no
Brasil.</span>”<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
(Para ler na íntegra, clique <u><a href="https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/relatorio-aponta-que-adolescentes-sofrem-tortura-bailarina-como-medida-disciplinar-no-cse-em-rr.ghtml" target="_blank">aqui</a>)</u></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Voltando à música do Sidney
Miller, importa observar que a imagem do circo está intimamente relacionada às mais
terríveis práticas desumanas da ditadura. Caetano e Gil, por exemplo, batizaram
o primeiro álbum da Tropicália com o singelo nome <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Panis Et Circensis</i> (1968). Essa – a velha máxima romana – era a
política dos militares: pão e circo. Na voz dos jovens da MPB, o entretenimento
popular virou código para a tortura. Saber disso dá outro significado à letra
da canção:</span><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Vai, vai, vai começar a brincadeira.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Tem charanga tocando a noite inteira.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Vem, vem, vem ver o circo de verdade.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 6.0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Tem, tem, tem
picadeiro e qualidade.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Bem me lembro o trapezista, que mortal
era seu salto,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Balançando lá no alto parecia de
brinquedo.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mas fazia tanto medo que o Zezinho do
Trombone,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">De renome consagrado, esquecia o próprio
nome<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 6.0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">E abraçava o microfone
pra tocar o seu dobrado.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 0cm;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">[...]<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-left: 35.45pt; text-indent: 0cm;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Vai, vai, vai terminar a
brincadeira.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-left: 35.45pt; text-indent: 0cm;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Que a charanga tocou a noite
inteira.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-left: 35.45pt; text-indent: 0cm;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Morre o circo, renasce na
lembrança.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 0cm;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Foi-se embora e eu ainda era criança.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O mesmo acontecendo com outras
músicas, de outros compositores, com a mesma temática. Vejamos outro exemplo, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Piruetas</i> de Chico Buarque (1981):<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Dez mil
cambalhotas,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">cem mil
cambalhotas,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Bravo!
Bravo!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Maxicambalhotas,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">extracambalhotas,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Bravo!
Bravo!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Salta além
da estratosfera<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">e caia onde
cair,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Que a galera morre de rir!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ai, minhas
costelas!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Já tô vendo
estrelas!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Bravo!
Bravo!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ai, minha
cachola!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Não tô bom
da bola!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Bravo!
Bravo!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Lona...
nuvens...<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tomba no
hospital!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Uma pirueta,
uma cabriola,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Uma cambalhota,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">não tô bom
da bola!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">E o pessoal
delira...<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Maxipirulito,
ultravioleta,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Bravo! Bravo!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Uma
educanda, depois disso, virou para mim e disse, brincando (ou não), que
estraguei sua infância. Juro que não era minha intenção, mas... Feitas as
devidas considerações, revimos as letras das músicas (convite que faço a você
também, deixando logo abaixo o link para ouvi-las) e deixei que cada um, cada
uma terminasse de analisá-las e tirasse suas próprias conclusões.</span><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Dança da
Bailarina: <span class="MsoHyperlink"><a href="https://www.youtube.com/watch?v=9QrNESnMsZQ">https://www.youtube.com/watch?v=9QrNESnMsZQ</a></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O Circo: <span class="MsoHyperlink"><a href="https://www.youtube.com/watch?v=ilciFdHgczc">https://www.youtube.com/watch?v=ilciFdHgczc</a></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Piruetas: <span class="MsoHyperlink"><a href="https://www.youtube.com/watch?v=6xzap4Ysnmc">https://www.youtube.com/watch?v=6xzap4Ysnmc</a></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Obs.</span></u></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">:</span></b><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">
E aí? O que achou? A notícia vinculada a este texto é um fato isolado, ou
devemos nos preocupar com a possível atualidade deste tema?<o:p></o:p></span></div>
<br /><br />
<br />
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-91453100980097136382018-11-18T23:20:00.000-02:002018-11-18T23:20:14.012-02:00O FRUTO DO VOSSO VENTRE<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
E se? E se Jesus fosse mulher? Dizem que Deus – perfeito que é – não pode
ser limitado a nenhum conceito, dimensão ou categoria (como gênero, por
exemplo). Todavia, mesmo a visão mais amorosa do sagrado ainda é um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Abba</i>, paizinho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
Você sabia que um dos nomes de Deus, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Shadday </i>(Gn 17,1; 28,3; etc.), pode ter vindo da palavra hebraica <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Shad</i>, “útero”? E que o Espírito de Deus,
que pairava sobre as águas (Gn 1,1), era uma entidade feminina: a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ruah</i>? Toda representação feminina do
divino foi “esquecida” ou apagada intencionalmente (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Shadday</i>, por exemplo, foi traduzido por <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Todo-Poderoso</i>).<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
Mas isso mudaria se Jesus fosse mulher? Olhando para o modo como os
discípulos trataram os relatos de mulheres que experimentaram a ressurreição, suspeito
de que a Nazarena não teria nem sido ouvida. Em Lucas, por exemplo, diziam os
discípulos de Emaús: “Bem é verdade que as mulheres nos deram um susto. Foram
ao túmulo e não encontraram o corpo. Alguns dos nossos foram e encontraram tudo
como elas haviam dito. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Mas ninguém viu
Jesus</i>.” (Lc 24,22-24)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
Ah, mas isso era com a Madalena. Os evangelhos são praticamente unânimes
em dizer que foi ela a primeira a fazer a experiência do Cristo ressuscitado. Ora,
é senso comum dizer que ela era adúltera, pecadora, prostituta, endemoninhada. Em
um outro momento, podemos desmitificar a imagem dessa mulher, que foi
prostituída ao longo do tempo (leia, por exemplo, Jo 8 e perceba que não se diz
o nome da adúltera; logo, não deve ser Madalena). Mas agora vou propor outro
exercício. Pensemos em outra Maria, a mãe de Jesus. Um dia ela chegou para José
e disse que ia ser mãe, e o pai seria o Espírito Santo. Tranquilo, né!? Sussa...
Mas José intentou rejeitá-la por isso (Mt 1,18-19). Precisou de um ser dotado
de autoridade, isto é, de um anjo (entidade assexuada, assim como Deus; no
entanto, ambos são designados por substantivos masculinos) para dissuadi-lo
dessa ideia (Mt 1,20.24).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
Admitamos: O fato é que, se <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Yeoshuá</i>
fosse mulher, suas palavras não teriam sido sequer levadas em consideração, nem
ontem, nem hoje. Quantas pessoas devotas de Maria a veneram por sua célebre
frase: “[Deus] depôs os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou”? (Lc
1,52) Não é a tônica mariana crer na santa como intercessora apenas, como
aquela cuja função seria – única e exclusivamente – facilitar o acesso junto a
seu filho?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
Para enfatizar o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">rebaixamento</i>
de Cristo à condição humana, Paulo o chama de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nascido de uma mulher </i>(Gl 4,4). Essa expressão é usada em outros
textos bíblicos e parece ser pejorativa (cf. Jó 14,1; 15,14; Lc 7,28).
Entretanto, convém destacar os dois cânticos de Lc 1: o de Maria (vv. 46-56) e
o do Zacarias (vv. 67-79). Enquanto o menino (isto é, o projeto) que nasce das
elites (seu pai é sacerdote) é, no máximo, um sinal (o que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">aponta</i> para o Messias), o que nasce de uma menina pobre subverte as
estruturas (“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">cumulou de bens os famintos
e despediu os ricos de mãos vazias</i>”). Para além da oposição <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ricos x pobres</i>, tracemos outro paralelo:
Existe, sim, uma via de salvação para quem acredita na lógica do Templo, mas somente
o rompimento com o sistema patriarcal gera a verdadeira mudança.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
Se pensarmos na recente disputa pelo poder, veremos muita gente de
esquerda – eu mesmo, durante um bom tempo – sentindo-se derrotada pelo
resultado das urnas. Ora, nossa derrota já começou na escolha da solução para
os nossos problemas. O patriarca Bolsonaro venceu porque o patriarca Lula não
pôde concorrer. O sistema que aí está não permite uma verdadeira revolução. O
que mudou, efetivamente, nos 13 anos do PT no poder? O povo podia <i style="mso-bidi-font-style: normal;">consumir</i> mais. Importante benefício para
a população, mas que em nada mudou a cultura exploratória do meio ambiente e
depredatória de recursos naturais e finitos. A proposta, de fato, alimentou e
vestiu muito mais gente do que nos governos anteriores, especialmente os
pobres, mas nada tinha de sustentável, ecológica e economicamente, a longo
prazo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
O que acabo de dizer está longe de ser um discurso conformista, ou uma
rendição ao novo governo. Nada de torcer para que dê certo um projeto que não
esconde de ninguém suas intenções elitistas, excludentes, homofóbicas,
misóginas, racistas... É inegável que o prejuízo será infinitamente maior com a
ascensão de um homem cujo discurso desperta nas pessoas o que elas têm de pior.
Antes, o que quero discutir é a estratégia de resistência. Queríamos a eleição
do (patriarca) Ciro ou Haddad por acreditar numa maior abertura para debater as
necessidades do povo. Isso não podemos perder de vista! O sistema é injusto por
si só, independente de quem assuma o poder, homem ou mulher. Como promoveremos
a verdadeira paz (Jo 14,27), como alcançaremos a terra sem males, onde “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">corre leite e mel</i>” (Ex 3,8), se continuamos
a acreditar no sistema baseado no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">macho salvador
da pátria</i>?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
Talvez seja impossível dizer agora o que fazer. Mas é possível perceber
o que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>NÃO</u></i></b> fazer. O papel da resistência não é, de forma
alguma, submeter-se ao sistema. Ele é o problema. Seus princípios são o
problema. Sua lógica funciona da mesma forma, independente da posição política
de quem ocupa o cargo mais alto. Basta lembrarmos do Lula dizendo que das tais
alianças (com praticamente toda a nata do patriarcado brasileiro) dependia a
governabilidade do país (e o final dessa história conhecemos muito bem!). A
derrota foi dura, doída, sim, mas pode significar um renascer, a assunção de um
projeto de vida, centrado no amor, algo que definitivamente o patriarcalismo
não pode nos dar.</div>
<br />
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-56061745119727647282018-11-09T17:20:00.000-02:002018-11-09T17:20:13.869-02:00LEVANTEM-SE E COMAM<br />
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Buenas... Conforme eu havia prometido, eis a segunda
parte de uma análise do cenário pós-eleitoral que iniciei em meu post anterior
(perdeu? leia <u><a href="https://opedaletra.blogspot.com/2018/11/baladas-para-estes-novos-tempos.html" target="_blank">aqui</a></u>!).
O olhar, naquele momento, tinha um viés mais artístico (musical e literário,
por assim dizer). Agora, de acordo com o combinado, segue um olhar mais teológico
sobre o assunto.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Recapitulando, eu havia dito que a eleição do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Voldemort</i> me deixara com medo. Na
verdade, trata-se de uma mistura de sentimentos: pavor, derrota, impotência...
Isso me manteve paralisado por um tempo, mas logo percebi que não é o fim do
mundo, que nada de novo vai acontecer se ficarmos quietos, esperando os ventos
mudarem.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Lembrei, então, de Elias. Ele viveu no tempo de
Acab, rei de Israel [874 a 853 a.C.], cuja idolatria levou o povo à fome e à
miséria (1Rs 17,1.7; 18,1-2). Após uma verdadeira epopeia no monte Carmelo (cf.
1Rs 18,20-46), em que o projeto de morte do monarca parecia ter sido
definitivamente derrotado, entra em cena a rainha Jezabel e resolve endurecer o
cerco contra o profeta de Javé. Jurado de morte, ele se retira para o deserto e
esconde-se debaixo de uma árvore, onde pede para morrer e, depois disso, “deita
e dorme” (1Rs 19,1-5a).<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Impressiona a semelhança, se pensarmos em Acab como
o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eleito</i>, e Jezabel representar o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">juiz de Curitiba</i>. Lula não foi para o
deserto (autoexílio em países como o Uruguai, que à época abriram as portas para
o ex-presidente) e deu no que deu. A fuga de Elias foi providencial.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Mas Javé não o queria <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dormindo</i> debaixo do junípero. Era preciso que a retirada fosse (ou
se tornasse) estratégica. Por isso, um anjo o acorda e diz: “Levanta-te e
come!” (v. 5b). Como ele não entendesse bem o recado, o mensageiro repetiu:
“Levanta-te e come, pois do contrário o caminho te será longo demais!” (v. 7).<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Ficar parado só alimenta o medo. É preciso levantar,
sair do ponto de inércia, colocar-se em movimento, ou nada mudará.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Elias é convocado a ir para o monte Horeb (v. 8). O
que tem esse lugar de especial? Ele representa o ponto alto de outra caminhada,
que não durou 40 dias e 40 noites (como a de Elias), mas 40 anos: a libertação
do povo hebreu. Foi no Sinai (= Horeb; cf. Ex 19,1-20,21; Dt 4,10-11) que
Moisés recebeu as leis para a organização de uma nova sociedade, totalmente
livre do poder opressor do Egito.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">É preciso voltar à origem, ao primeiro amor. Eis a
questão, não só para o PT, mas para os movimentos sociais. Não esquecer por que
existimos. Por outro lado, é preciso entender também os tempos, fazer a correta
leitura do cenário. A Moisés, Javé falou pelo trovão (Ex 19,19), com fogo,
relâmpago e tremores de terra (Ex 16.18). O povo tinha se libertado, vivia um
tempo de autonomia, caminhava perdido no deserto, mas sem o opressor por perto.
Elias tinha a Polícia Federal, isto é, o Exército de Jezabel em seu encalço.
Deus passou por ele. Entretanto, não estava no furacão, nem no terremoto, nem
no fogo; sua voz era uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">brisa suave</i>
(1Rs 19,11-12).<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A noite está começando. É tarde... Um novo dia virá,
porém. Agora é hora de se recolher. Dormir será sonhar, e como diria Raul
Seixas:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sonho que se sonha só<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">é só um sonho que se sonha só.<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Mas
sonho que se sonha junto é realidade.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Talvez por isso algumas pessoas encarem sonhar como
o momento em que a gente finalmente se desperta. Parafraseando, ainda, o
roqueiro baiano:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Justamente acordei<o:p></o:p></i></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">No
dia em que a terra parou.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Volto, portanto, ao fim de meu texto anterior: “É
hora de sarar as feridas, o que implica buscar apoio nas amizades, nas
parcerias, nas redes.” A hora é de nos reorganizarmos, de nos reinventarmos. É
hora de sonhar!<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><i><b><u>Obs.</u>:</b> O texto completo (partes I e II) pode ser lido
no site no CEBI (clique <u><a href="https://www.cebi.org.br/noticias/baladas-para-estes-novos-dias/?fbclid=IwAR28_7IjApYM8VrlI-OXs5fP-fk7qv3ALa4bNgqqx-ZF-Cl2TAARfGu7dfk" target="_blank">aqui</a></u>).
O título ficou um pouquinho diferente do original (meu post anterior), mas a essência
permanece.</i></span></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-57631579450746736712018-11-02T16:10:00.000-03:002018-11-02T16:10:21.323-03:00BALADAS PARA ESTES NOVOS(?) TEMPOS<br />
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Que dias, senhoras e senhores! Que dias... Parafraseando
o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ira!</i>, banda paulistana de rock,
estes serão “Dias de Luta”.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Mas devo confessar... Minha primeira reação, findo o
pleito presidencial, foi de desesperança e desejo de me exilar no mais profundo
silêncio e ostracismo. Eu tive medo. Muito medo! Principalmente após o primeiro
pronunciamento do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eleito</i>, ou melhor
(seguindo a analogia de meu texto anterior com a saga do menino Harry Potter
[leia <u><a href="https://opedaletra.blogspot.com/2018/10/ultima-chamada-elenao-democraciasim.html" target="_blank">aqui</a></u>],
o primeiro passo para vencer o inimigo é dizendo seu nome): Principalmente após
o primeiro pronunciamento de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lord
Voldemort</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Nada mais condizente com o feriado de finados do que
essa sensação terrível...<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Tenho filhas para criar, para ver terminar de
crescer, tenho planos com minha esposa, tenho sonhos ainda por realizar... Nada
disso se concretizará se:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">1)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu continuar me confessando socialista;<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">2)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Ele cumprir com sua palavra (ou ameaça?) de varrer
os “extremismos” de esquerda.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Portanto, decidi me calar. Nem para a sala dos
professores eu desci essa semana, na hora do recreio. Não queria ouvir falar nada
sobre o assunto. Muito menos, olhar para a face de “colegas” eleitores (e o
pior: eleitoras) dele. Mas aí...<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Voltando àquela música da banda paulistana... Ela
começa assim:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">“Só depois de muito tempo,<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">fui entender aquele homem.<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Eu queria ouvir muito,<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">mas
ele me disse pouco...”<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Até aí, nada demais! Porém, uma colega me pediu para
conversar com seu filho, que por acaso é meu educando. Ele não queria mais
frequentar as aulas de um determinado professor porque este estaria fazendo campanha
aberta para o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eleito</i>, digo, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Voldemort</i>, lançando mão inclusive de
notícias falsas, como por exemplo a distribuição do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">kit gay</i>...<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">(Buenas... se você ainda acredita nisso, clique <u><a href="https://oglobo.globo.com/fato-ou-fake/e-fake-que-haddad-criou-kit-gay-que-camara-realizou-seminario-lgbt-infantil-23197396?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar" target="_blank">aqui</a></u>)<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Enfim... Não poderia simplesmente dizer para meu
pupilo que aquele educador estava errado. Ou melhor... Nada poderia comentar
sobre aquele “colega”, sob pena de ser antiético. Então quis suscitar naquele
jovem algo que o instigasse, que o fizesse querer ir às aulas, pois deixar de
frequentá-las seria caminho certo para a reprovação.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">—
Você precisa lutar pelo seu espaço. Como estudante, a escola é o seu lugar. Se
abrir mão disso, estará dando força às propostas excludentes do coiso.<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Os olhos do guri brilharam:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">—
Entendi, sôr! Se eu desistir, é sinal que ele ganhou!<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">E lá se foi ele, bem determinado. Senti-me “aquele
homem” da canção. Ao mesmo tempo, eu era o eu-lírico. Eu era aquele menino. Se
o sinal bateu, ou alguém falou mais alguma coisa, não sei. Ouvia apenas uma
música, que tocava em minha cabeça:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">“Busca logo o teu espaço<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">e firma o pé na caminhada.<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Pisa firme neste chão<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">e
toma parte na jornada.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">E o som ficava ainda mais “alto” no refrão:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">“Pois aqui tu tens o teu lugar!<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Pois
aqui tu tens o teu lugar!”<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Sem querer, o conselho que dei serviu muito mais
para mim do que para o estudante. O que eu lhe disse foi muito pouco, mas,
conforme segue o rock “Dias de Luta”:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">“Quando se sabe ouvir,<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Não
precisam muitas palavras.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">É isso mesmo! Pessoas amigas falavam, no dia do
resultado, para não desanimar. Mas a tristeza era tanta que eu nada ouvia. Com
o jovem, porém, eu deveria <i style="mso-bidi-font-style: normal;">parecer</i>
sincero. Acontece que eu não sei como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">parecer</i>
sem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i>. Então disse-lhe algo que eu
mesmo precisava ouvir.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Precisamos lutar pelo nosso espaço. O Brasil é o
lugar de todas as brasileiras e de todos os brasileiros. Nesses tempos em que a
máxima “ame-o ou deixe-o” parece ressuscitar, é preciso dizer: “Eu o amo sim e,
por isso, quero-o livre!”<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Vejo muitas de minhas educandas – e educandos – frequentando
igrejas que apoiaram a candidatura vencedora. Como educador, sinto que preciso
disputar espaço com elas. Mas sozinho não dá! É por essas e outras que, para
mim, o hino “O Teu Lugar”, cântico luterano (ouça <u><a href="http://www.luteranos.com.br/public/load/load-midiateca-player.php?id=5288" target="_blank">aqui</a></u>),
parece o mais adequado para este momento, inclusive pelos seguintes versos:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">“Vem sarar tuas feridas<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">e buscar mais liberdade.<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Descansar as tuas cargas<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">sobre
a nossa amizade.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">De fato, é hora de sarar as feridas, o que implica
buscar apoio nas amizades, nas parcerias, nas redes. Precisamos nos reagrupar,
cuidar uns dos outros, descansar e, passo seguinte, repensar a caminhada.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Isso me faz lembrar alguns textos bíblicos, mas esse
texto já ficou comprido, de modo que continuarei essa reflexão (pelo seu viés
mais teológico) no próximo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">post</i>. Até
lá!</span></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-16869292199150384372018-10-27T21:51:00.000-03:002018-10-27T21:51:15.486-03:00ÚLTIMA CHAMADA: #ELENÃO #DEMOCRACIASIM<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Amanhã teremos a eleição mais emblemática desse período pós-<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Diretas Já!</i> Na melhor das hipóteses, será
apenas um capítulo ruim da nossa história. Na pior, o fim da nossa jovem democracia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Curiosamente, são os críticos às ditaduras socialistas os que
ameaçam a liberdade do nosso povo. Querem de todas as formas limpar a sujeira
do país. Mas sujeira, para eles, é ser pobre, negro, homossexual, mulher, menor,
bandidinho de porta de cadeia...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Você já reparou que o Bolsonaro não fala nada
contra estelionatários, sonegadores (já disse, aliás, que sonega tudo o que
pode), a banda podre da polícia, os privilégios de deputados e juízes (aliás,
utiliza-se deles para "comer gente")</span>, o crime organizado (PCC
e Esquadrão da Morte, por exemplo), isenção fiscal de igrejas e grandes
empresas, etc.!? Você já reparou que essa é também a posição de quem o apoia? Por
que o ódio dessa gente é contra as minorias? Já parou pra pensar?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Tentando puxar pela memória, não me recordo de
nenhum momento em que as pessoas defendiam essas posições assim, tão
abertamente. Sim, havia piadinhas de cunho racista, machista, homofóbico,
misógino antes. Havia <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bullying</i>!
Sempre houve, nas reuniões de família, na escola, na TV (quem aí lembra dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Trapalhões</i>?)... Mas ninguém dizia que negros,
pobres, nordestinos, gays, imigrantes, mulheres, jovens, enfim... Que as
minorias deveriam se adequar, ou seriam torturadas, estupradas, exterminadas.
Ninguém dizia isso abertamente. Nem o Didi!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Quem leu ou assistiu à saga do menino Harry
Potter vai lembrar que, quando pressentiram que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado</i> voltaria, tanto os dementadores
quanto outras criaturas malignas e, principalmente, os antigos vassalos (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">escravos</i> seria o termo, mas muitos deles
seguiam Voldemort por gosto) começaram a sair das sombras e a revelar sua
verdadeira face. E então atacavam trouxas (pessoas sem magia), sangues-ruins
(meio bruxos, meio normais) e amigos de trouxas e de sangues-ruins. Impossível
não fazer a correlação. Incompreensível é curtir essa história e votar em quem
é uma ameaça a negros, mestiços, LGBTQ e tudo mais que for diferente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O que estamos fazendo com nossa humanidade? E o mais
curioso é que tudo isso é em nome de um “deus acima de todos”. Todos quem? E de
que deus estamos falando?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Na Bíblia, há vários retratos de Deus. O do êxodo
não caminha acima, mas COM o seu povo (Ex 13,21). O terrível está do lado dos
pobres (Salmo 76,8-10; Deuteronômio 10,17-18). O dos exércitos é frequentemente
mencionado no contexto da monarquia em Israel, mas com o intuito de guerrear
contra os povos inimigos, não com os pobres da terra. Somente o da retribuição
(muito semelhante ao da prosperidade, anunciado nesses nossos dias), vinculado
às leis do templo em Jerusalém, atribui à graça divina o sucesso financeiro, bem
como a bênção de ter nascido varão e homem livre. Quem estivesse fora desse
grupo seria um amaldiçoado ou amaldiçoada. Vale lembrar que, no pós-exílio, a
religião se tornou altamente estratificada: só os sacerdotes podiam se
aproximar do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Santo</i>, onde ficava o
altar; os homens ficavam numa espécie de antessala, ao lado do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Santo</i>; e as mulheres no átrio, ou seja, lá
fora, junto com as crianças e os forasteiros. É justamente esta teologia que
Jesus combate quando opõe o deus altíssimo (inalcançável, portanto) ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ABBA</i> (paizinho).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Aliás, um dos títulos do nazareno é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Messias</i>, motivo que levou o pretenso candidato
a salvador da pátria a comparar-se com ele. Mas, segundo tradição do Primeiro
Testamento (Isaías 7,14; Mateus 1,23), o nome do filho de Maria não é “Deus
sobre todos”, mas Emanuel, que quer dizer <i style="mso-bidi-font-style: normal;">DEUS
CONOSCO</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O que mais posso dizer? Veja as propostas de Haddad. Em que
momento o seu partido fala contra os pobres? Pelo contrário, quem viveu a
realidade da década de 90 (século passado) sabe como vivia o povo nordestino e
como é sua realidade hoje. Não sabe quais são as suas propostas? Que tal ler o
seu programa? Ler e comparar com o programa de seu adversário. A maioria dos
debates é vazio justamente por falta dessa leitura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Mas vá lá que você não queira ler. Então tenha um pouquinho de
discernimento, pelo menos. Não vivemos o melhor dos mundos. Houve muita
corrupção no PT? Sim, e os culpados estão pagando. Talvez não todos... Mas nem
de longe é o partido com mais envolvidos em corrupção. Além disso, há provas
contra Aécio, Temer, Jucá e tantos outros, que não são petistas e estão livres.
Bolsonaro, que viveu 11 anos no PP de Maluf, confessou ter recebido propina da
JBS e “esquentado” o dinheiro numa transação com o partido. Além disso, ele
sempre disse que era Eduardo Cunha...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Amanhã é um dia especial. Dia de votar consciente, e não por
paixões tolas. O próprio criador do termo “petralha”, o jornalista Reinaldo
Azevedo, vai votar no Haddad. Segundo ele, é a única esperança de manutenção da
democracia. Fora isso, a lista de intelectuais (nacionais e estrangeiros) e
celebridades que apoia e/ou votará no 13 é extensa: Noam Chomsky, Adolfo
Esquivel, Letícia Sabatella, Ivone Gebara, Lília Schwarcz, Marilena Chauí, Arnaldo
Antunes, Augusto de Campos, Maria Rita Kehl, Márcia Tiburi, Leonardo Boff, Frei
Betto, Chico Buarque, Gilberto Gil, Joaquim Barbosa, Walter Salles, Milton
Hatoum... Do outro lado: Alexandre Frota, Lobão e... Já entenderam, né!? Pense...
Encerro esta reflexão com uma frase do ator Pedro Cardoso: “Vou votar no PT
para, no dia seguinte, poder fazer oposição ao PT [...] porque o fascismo não
tolera opositores.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Obs.</span></u></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">: </span></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Prometi a mim mesmo que deixaria passar as eleições para reativar
este blog, mas não deu pra aguentar. Sei que minha opinião, a essa altura do
campeonato, não ajudará mais em nada, não vira o jogo. Mas “não podemos calar o
que vimos e ouvimos” (At 4,20). Não enquanto ainda podemos! Dias virão em que, “calada
a boca, restará o peito”. Vamos agir agora para não chegar ao ponto em que, “calado
o peito, reste a cuca...”</span></i></div>
<br />
<br />
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-86217769536036930792017-10-31T15:47:00.002-02:002017-10-31T15:49:38.606-02:00Yo no creo en brujas, pero...Não tem jeito. Não adianta falar que para nós, brasileiras e brasileiros, hoje deveria ser comemorado o dia do Saci.<br />
<br />
Também não adianta alardear que nesta data a comunidade luterana comemora os 500 anos da Reforma...<br />
<br />
Minha filha acordou toda animada para a festa de <i>Halloween</i> da escola. O que fazer? Well... Durante muito tempo repudiei veementemente essa festividade. Mas...<br />
<br />
Conhecem o ditado, né!? Já que não se pode com ela, ressignifique-a.<br />
<br />
Num site italiano (<a href="https://unaparolaalgiorno.it/significato/H/halloween?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_content=parola&utm_campaign=pdg" target="_blank">acesse aqui</a>) descobri algo que pode dar um novo sentido a essa data "terrorífica".<br />
<br />
Segue o texto na íntegra (tradução livre).<br />
<h1 class="parola" style="background: rgb(255, 255, 255); border-bottom-color: rgb(224, 178, 178); border-bottom-style: solid; border-image: initial; border-left-color: initial; border-left-style: initial; border-right-color: initial; border-right-style: initial; border-top-color: initial; border-top-style: initial; border-width: 0px 0px 1px; color: #5c5c5c; font-family: "Open Sans", "Times New Roman", serif; line-height: 1.2em; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0.5em 0px 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></h1>
<h1 class="parola" style="background: rgb(255, 255, 255); border-bottom-color: rgb(224, 178, 178); border-bottom-style: solid; border-image: initial; border-left-color: initial; border-left-style: initial; border-right-color: initial; border-right-style: initial; border-top-color: initial; border-top-style: initial; border-width: 0px 0px 1px; color: #5c5c5c; font-family: "Open Sans", "Times New Roman", serif; line-height: 1.2em; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0.5em 0px 0px; vertical-align: baseline;">
Halloween</h1>
<br />
<br />
<section class="word-body" style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #5c5c5c; font-family: "Open Sans", "Lucida grande", "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 17.6px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><div class="significato" style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; line-height: 1.6em; outline: 0px; padding: 0.3em 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Celebração macabra celebrada na noite entre 31 de outubro e 1º de novembro</span></div>
<div class="etimo" style="background: transparent; border: 0px; color: #d92929; font-size: 17.6px; line-height: 1.6em; outline: 0px; padding: 0.3em 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Contração escocesa do século XVIII do inglês </span><i style="background: rgb(252, 252, 252); border-radius: 5px; border: 1px dotted rgb(240, 240, 240); font-family: Merriweather, "Times New Roman", serif; font-size: 17.6px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 1px 3px; vertical-align: baseline;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Allhallow's</span></span></i><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><i style="background: rgb(252, 252, 252); border-radius: 5px; border: 1px dotted rgb(240, 240, 240); font-family: Merriweather, "Times New Roman", serif; font-size: 17.6px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 1px 3px; vertical-align: baseline;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">- even</span></i><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"> , "Vigília de Todos os Santos".</span></span></div>
<section class="commento" style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><div class="center" style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; line-height: 1.6em; outline: 0px; padding: 0.3em 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; line-height: 1.6em; outline: 0px; padding: 0.3em 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">A cada ano esse nome, com a </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">festa</span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"> que descreve, também da nossa parte se afirma com força cada vez maior. </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Sabemos todos refutá-lo dizendo que sua motivação é econômica, consumista, mas (o fato é que) no Halloween há algo extremamente </span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">curioso</span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">.</span></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; line-height: 1.6em; outline: 0px; padding: 0.3em 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Os antropólogos vão perdoar a essência do tratamento: comumente se diz que este é um antigo feriado celta (</span><i style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Samhain</i><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">), uma festa de Ano Novo que marcava o fim da colheita e o início da estação fria (inverno), um período em que é importante se agrupar e afirmar a (força da) comunidade. </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Ocorria entre 31 de outubro e 1º de novembro, no que se acreditava ser um interregno entre dois anos, quando o mundo dos vivos e o dos mortos se tocavam. </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">E os romanos, que</span></span><span style="background-color: transparent; font-size: 17.6px;"> </span><span style="background-color: transparent; font-size: 17.6px;">nunca se curvavam</span><span style="background-color: transparent; font-size: 17.6px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"> diante de festas e divindades estrangeiras, reconheceram nesta os mecanismos de certas </span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">liturgias</span></span><span style="background-color: transparent; font-size: 17.6px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"> que eles mesmos celebravam durante os </span><i style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Lemuria</i><span style="background-color: transparent; font-size: 17.6px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"> ou </span><i style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Parentalia</i><span style="background-color: transparent; font-size: 17.6px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">: todas festas em que os espíritos dos mortos eram </span><span style="background-color: transparent; font-size: 17.6px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">exorcizados, </span></span><span style="background-color: transparent; font-size: 17.6px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">celebrados, aplacados.</span></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; line-height: 1.6em; outline: 0px; padding: 0.3em 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Em 609, o Papa Bonifácio IV instituiu a Festa de Todos os Santos, a ser </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">comemorada</span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"> em 13 de maio (a data em que os </span><i style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Lemuria</i><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"> romanos </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">eram celebrados</span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">); </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">No século seguinte, o Papa Gregório III mudou-a para 1º de novembro, a fim de sobrepô-la ao </span></span><i style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Samhain</i><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"> celta. </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Esta era uma </span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">tática</span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"> recorrente: dessacralizar a festa pagã e a</span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">cobertá-la com uma nova celebração, reconsagrando-a à religião cristã. </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Mas com a Reforma Luterana (que justamente neste ano comemora 500 anos; parabéns, </span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Martinho!), a festa desejada pelo Papa deixou de ser celebrada em territórios protestantes. </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Despindo-se da roupagem cristã, (a festa) voltou a ser laica, a ser pagã - mantendo, entretanto, o nome cristão e evoluindo </span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">sub-repticiamente</span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"> ao longo dos séculos para o Dia das Bruxas que conhecemos hoje, com seus símbolos </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">macabros</span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"> e costumes grotescos.</span></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; line-height: 1.6em; outline: 0px; padding: 0.3em 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Mas há algo em particular, da nossa parte e nesses tempos de progresso, que é atingido pelo surgimento de uma festa desse gênero. </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Permanece intacto um dos mecanismos antropológicos básicos de tantas festas que dizem respeito aos mortos e ao contato com os espíritos: o jogo dramático em que os espíritos a serem aplacados são representados por crianças, (de preferência) as mais próximas do (fenômeno do) nascimento, (que "encarnam") mortos que retornam para pedir uma oferenda pela sua benevolência, a fim de afastar sua funesta vingança. </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Parece estranho, mas mesmo no </span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Natal</span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"> há uma espécie de tributo do gênero</span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">.</span></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; line-height: 1.6em; outline: 0px; padding: 0.3em 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">Em suma, é uma celebração menos superficial do que a </span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">análise</span></span><span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;"> econômica e a desconfiança de uma festa estrangeira nos levam a pensar.</span></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; line-height: 1.6em; outline: 0px; padding: 0.3em 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: inherit;">---------------------------------</span></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; font-size: 17.6px; line-height: 1.6em; outline: 0px; padding: 0.3em 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: small;">E aí? Que achou??? Será que é possível repensarmos essa festa, ou devemos expulsá-la de vez da nossa cultura?</span></div>
</section></section>Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-49858656762799358152017-10-03T11:51:00.001-03:002017-10-03T11:51:37.827-03:00Por ocasião do meu Mestrado (um poeminha)<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Eu poderia falar
esta semana sobre a greve das servidoras e servidores da Educação no Rio Grande
do Sul, que já está chegando à marca de 30 dias. Afinal, sou educador e esse é
um problema que me atinge frontalmente.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Eu poderia falar
sobre a volta da ameaça de redução da maioridade penal. Afinal, esse é um
evidente ataque à dignidade da juventude empobrecida. E o que atinge a
juventude empobrecida me atinge frontalmente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Eu poderia falar
de Francisco de Assis ou de Justiça Socioambiental (aquela coisa de “Irmão Sol,
Irmã Lua”, etc. e tal...). Afinal, sou ecumênico de carteirinha e franciscano
de berço, e o dia do <i>Poverello </i>está aí. Além disso, o temporal que assolou
o Rio Grande do Sul no último domingo é um sinal de que o que estamos fazendo
com o planeta nos atinge frontalmente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 42.55pt;">Enfim, eu poderia
estar matando (como em Las Vegas), eu poderia estar roubando (como o nosso
Congresso), mas eu estou apenas refletindo... e, refletindo, resolvi trocar todas as </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; text-indent: 56.7333px;">preocupações expostas acima por uma, que foi o foco da </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; text-indent: 56.7333px;">minha dissertação (de mestrado, obviamente), defendida e aprovada com nota máxima em 29/09 (sexta-feira passada – motivo de eu romper com a promessa de postar mais frequentemente por aqui). Afinal, poucos foram os momentos tão felizes quanto este em minha vida. E o mais importante: é um trabalho que versa sobre o jogo dramático como estratégia de emancipação de jovens estudantes de escola pública. Não precisaria repetir, mas a vulnerabilidade e a invisibilidade que esse público sofre me (nos) atinge frontalmente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 42.55pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 42.55pt;">Desse modo, como tempos difíceis pedem saídas
alternativas, tá aí algo que é raro eu fazer, mas que, mesmo centrado em minha dissertação, de alguma forma contempla todas as questões acima, que nos atingem frontalmente: um poeminha...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">Eu dedico
estas linhas...<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">À
juventude estudantil empobrecida,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">latino-americana,
silenciada,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">embrutecida,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">que, da
periferia do capitalismo,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">ensaia um
grito<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">enfurecido,
doído,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">oprimido;<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">e sonha
com o dia de sua alforria<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">de um
sistema que devia<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">garantir-lhe
pão, paz e alegria,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">mas
somente dá a ilusão<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">de que
tudo falta, inclusive a educação,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">e que a
única solução<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">é
entregar-se à bonomia<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">de quem,
jurando abnegação<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">anuncia a
sua missão:<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-ascii-theme-font: major-bidi; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: major-bidi;">vim substituir sua autonomia.</span></i><o:p></o:p></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-732934796732494622017-09-14T23:04:00.001-03:002017-09-14T23:11:26.945-03:00TESSALÔNICA, A REFORMA E A ALA DOS ORFANADOS<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A primeira carta aos
tessalonicenses bem se podia chamar o manifesto de carinho da grande família. A
mesma comunidade missionária (Paulo, Silvano e Timóteo) que chama seus
destinatários de irmãos logo no começo (1Ts 1,4), coloca-se como mãe (v. 7b) e
pai (v. 11) deles no capítulo 2. Como autênticas filhas e filhos, é aquela
gente chamada de “nossa glória e nossa alegria” (1Ts 2,20). Quem os “elegeu”
como família foi um Deus que é <i>Pai</i> (1Ts 1,1.3; 3,11.13), tornando-os
irmãos e irmãs em seu <i>Filho</i>, Jesus (1Ts 1,10).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Essa linda história lembra
um filme, <i>Francesco</i>, em que o santo de Assis apresentava a cada novo
membro da ordem seus novos irmãos, irmãs, pais, mães, filhos e filhas, aos
quais o noviço deveria se recomendar e cuidar como a uma família. Por outro
lado, lembra também um lar para crianças, muito comum nas guerras, mas também
presente em nossos dias: o orfanato. Aqueles jovens e crianças não têm mais
ninguém na terra, a não ser uns aos outros. Ele próprio, Francisco, tornou-se
órfão de pai vivo quando renunciou a tudo, inclusive às vestes do próprio corpo.
Quem o seguia também era um <i>orfanado</i> (ou depois, com as clarissas, <i>orfanada</i>),
renunciando a tudo para abraçar sua nova parentela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mas o que histórias tão
tristes têm a ver com o manifesto de amor aos tessalonicenses? Curioso,
primeiramente, notar que, em 1Ts 2,17, a comunidade paulina diz assim: “</span><i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ora, nós, irmãos,</span></i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">
orfanados<i> por breve tempo de vossa presença…</i>” Algumas traduções podem
trazer “separados”, “privados”, mas o termo grego é <i>aporphanizu</i>,</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> “tornado
órfão”. O sentimento, portanto, é de separação brusca do seio familiar. Em Lc
12,51-53, Jesus diz assim: “</span><i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Pensais que vim
estabelecer paz na terra? Não, eu vos digo; antes, divisão. Porque, daqui em
diante, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, e dois contra
três. Estarão divididos: pai contra filho, filho contra pai; mãe contra filha,
filha contra mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra.</span></i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">” E adiante, em Lc 14,26: “<i>Se alguém vem a mim e não odeia
a seu pai, mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e ainda a sua própria vida, não
pode ser meu discípulo.</i>” Palavras difíceis, que pouco parecem combinar com
a imagem de um Deus afável que os evangelhos tentam transmitir. Ou estamos
diante de um Jesus em seu dia de fúria, ou – o mais provável – isso era o que
estava acontecendo nas comunidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
evangelho de Lucas é escrito por volta de 85 a 90 d.C., praticamente 40 anos
depois da carta comunitária aos tessalonicenses. O texto tem paralelo somente
no Evangelho de Mateus (10,34-37). O que eles têm em comum? São escritos praticamente
na mesma época e na diáspora, isto é, em cidades do mundo greco-romano, fora de
Israel. O templo e a cidade sagrada, Jerusalém, já tinham sido destruídos há
quase vinte anos. Os cristãos e cristãs, considerados os verdadeiros culpados pela
catástrofe, foram expulsos das sinagogas. Seus parentes “não-convertidos”,
porém, continuavam frequentando as comunidades judaicas. Quem tem um tio ou uma
prima neo-convertidos em casa deve saber como ficam os ânimos nestes casos. Só
que lá a situação foi potencializada, devido ao desfecho trágico dos
acontecimentos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
destruição de Jerusalém, entretanto, não explica, por si só, essas
animosidades. Ainda que os evangelhos fossem já uma releitura das palavras e
gestos de Jesus (imagine-se contando uma história vivida por sua avó, antes mesmo
de sua mãe ou seu pai terem nascido), é possível que, já em vida, Ele e sua
comunidade (seguidoras e seguidores) tenham sido perseguidos por familiares
consanguíneos. Como explicar, por exemplo, que o Cristo tenha evitado seus
parentes quando soube que estes o procuravam? “<i>Minha mãe e meus irmãos são
aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática</i>” (Lc 8,21). Podemos
aceitar que isso não tenha acontecido de verdade, que, embora o texto se encontre
também em Mateus (12,49-50) e Marcos (3,34-35), trata-se de mais uma fábula
para tranquilizar a quem, por aderir à “Seita do Nazareno”, se indispôs com a
própria mãe. Mas, e a carta aos tessalonicenses, escrita por volta do ano 50 da
E.C. (Era Comum)?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mais
fácil sabermos o que aconteceu da virada do milênio para cá do que nos porões
da ditadura, não é verdade!? E não é só pela facilidade de informações que
temos hoje. Feridas de 20 anos ainda estão recentes e são mais facilmente
identificáveis que as de 60 anos. Nesse sentido, o afastamento de Paulo e seus
companheiros de um ambiente que transbordava amor é o melhor comprovante de que
esse rompimento histórico se deu já nas origens. A carta, escrita 20 anos antes
da destruição do templo, conta como, naquela época, já havia grupos judaizantes
que perseguiam os cristãos: “<i>[os judeus] não somente mataram o Senhor Jesus
e os profetas, como também nos perseguiram, e não agradam a Deus, e são
adversários de toda gente, a ponto de nos impedirem de falar aos gentios…</i>”
(1Ts 2,15-16). Tal relato atesta, inclusive, os acontecimentos da segunda
viagem paulina narrados em At 16-18.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Discute-se
o tom antissemítico da carta. Parece que seria uma glosa, por destoar de outros
textos paulinos. Não nos esqueçamos, porém, que ela foi escrita no calor do
momento. Paulo e sua equipe acabavam de ser expulsos, consecutivamente e pelo
mesmo grupo, de Tessalônica (At 17,10) e Bereia (At 17,13). Nesta, a bem da
verdade, foram encontrados judeus (e mulheres – v. 12) <i>mais nobres</i>,
assim como em Corinto (At 18,1-2 – os missionários são acolhidos por um casal
judeu). Mas a raiva com os de Tessalônica devia ser tão grande que Paulo os
chamou de Satanás</span><span lang="PT" style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> (1Ts 2,18) e Tentador (1Ts 3,5).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="PT" style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Perfeitamente compreensível. Ainda hoje, após 500 anos
da revolução causada pelas 59 teses de Martinho Lutero, os luteranos continuam
sendo chamados, por alguns grupos até bem intencionados (tanto quanto eram os
judeus tessalonicenses), de separados. O próprio termo “protestante” coloca-os
em contraposição a uma religião “oficial”. Felizmente, a visita do papa
Francisco à Suécia, ano passado, já é sinal de que os ventos estão mudando.
Pela primeira vez, em tom de respeito e diálogo, prepara-se uma celebração conjunta
por um dos centenários – o quinto, no caso – da Reforma. Lá o papa disse que a
culpa da divisão entre luteranos e católicos é dos poderosos, que essa não é a
vontade do povo fiel</span><a href="file:///C:/Users/Jos%C3%A9Luiz/Documents/Opedaletra/A%20Ala%20dos%20Orfanados.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">. Na Igreja Luterana de Roma, este
ano, foi mais específico</span><a href="file:///C:/Users/Jos%C3%A9Luiz/Documents/Opedaletra/A%20Ala%20dos%20Orfanados.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT" style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">: “</span><i><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Por detrás dos muros humanos existe uma fantasia: [...] se
tornar como Deus! Para mim, [...] a narração da Torre de Babel, é precisamente
a atitude do homem e da mulher que levantam muros, porque erguer um muro é
dizer: ‘Nós somos os poderosos; vós, fora!’. [Nisto] estão a soberba do poder e
a atitude proposta nas primeiras páginas do Gênesis: ‘Sereis como Deus’ (cf. </span>Gn 3, 5).
Erigem-se muros para excluir; caminha-se neste rumo.</i><span lang="PT" style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">” A comunidade católica <i>mais
nobre</i> acolhe e vibra com essa boa nova. Já o grupo de Satanás
(literalmente, “adversário, opositor”)...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="PT" style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os pobres, de fato, parecem não se importar muito com
essas divisões. A considerar o que diz 1Ts 4,11 sobre o povo trabalhar com as
próprias mãos, podemos dizer que se tratava de uma comunidade de gente simples.
Como simples foi o motivo que levou a equipe missionária a escrever a carta. Por
intermédio de Timóteo, aquela comunidade humilde manifestou uma preocupação bem
existencial: quando e como se dará a <i>Parusia</i>? Isto é, o que vai
acontecer com nossos mortos quando o Messias voltar? E aqueles que nem
conheceram a mensagem do Evangelho? Terão lugar garantido na nova Terra? E quem
não se converteu? Vou voltar a ver minha avozinha? Aliás, quando Ele vai
voltar? Já faz 20 anos que se foi... Cadê? A resposta mostra como o texto é
antigo, talvez o mais antigo do Segundo Testamento. Aqui temos um Paulo que
ainda acredita numa volta mágica e majestosa de Jesus. Ele diz algo do tipo:
aguentem mais um pouquinho! Ele já deve estar chegando! Quando chegar, chamará
os mortos primeiro! Mas depois seremos nós... Bem diferente da visão de Atos 1,9-11
– “<i>Ele já voltou!</i>” – e de 1Cor 11 – “<i>Isto é o meu corpo... Isto é o
meu sangue... Fazei isto em memória de mim!</i>”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="PT" style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mas o importante, apesar da visão ingênua em 1Ts, é o
que Paulo diz a seguir (5,12): “<i>Agora vos rogamos, irmãos, que tenhais
apreço por aqueles que se afadigam no meio de vós.</i>” Muito bonito estar
preocupado com a vó, que já se foi. Mas lutemos, agora, pelas pessoas que ainda
vivem, oprimidas por um sistema injusto que nos divide, independente de sermos católicos,
espíritas, candomblecistas, xamanistas, budistas ou ateus, em exploradores e
explorados. A denúncia do papa Francisco se estende a todas as divisões, ou
melhor, às desigualdades, que são causadas sempre pela mesma elite, em todos os
campos da sociedade (dos quais o religioso é só mais um), motivada pela sede de
poder. Desmascaremos esse modelo econômico, político e social e celebremos, a
exemplo do que agora fazem católicos e luteranos, a <i>oikoumene</i>, isto é, a
casa comum, casa de todas e de todos, independente de credo, cor, sexo, idade,
localização geográfica. Amém, Axé, Awere, Aleluia!<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jos%C3%A9Luiz/Documents/Opedaletra/A%20Ala%20dos%20Orfanados.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> Cf. https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2016/documents/papa-francesco_20161031_omelia-svezia-lund.html.
Acesso em: 14/09/2017.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Jos%C3%A9Luiz/Documents/Opedaletra/A%20Ala%20dos%20Orfanados.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> Disponível em: https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2015/november/documents/papa-francesco_20151115_chiesa-evangelica-luterana.html.
Acesso em: 14/09/2017.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-7869864882831224872016-06-22T22:01:00.000-03:002016-06-22T22:01:31.264-03:00AS LIÇÕES DE UM FORASTEIRO E DE D. IRMA<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbWvGtq2LR2mBEFXTwlZp-Pd20tFhojLyJO1vGr2Bs8E4YS_NNyGbMXnJvp893kta-qA0AGfsTAjuj0q576wjBefq_p-HQNnkkgsSuh4ELDwoHJCymYHkMG_XLNyIQdTMowTw51a5MIk0/s1600/2016+-+CEBI+SC+-+Junho+4.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbWvGtq2LR2mBEFXTwlZp-Pd20tFhojLyJO1vGr2Bs8E4YS_NNyGbMXnJvp893kta-qA0AGfsTAjuj0q576wjBefq_p-HQNnkkgsSuh4ELDwoHJCymYHkMG_XLNyIQdTMowTw51a5MIk0/s320/2016+-+CEBI+SC+-+Junho+4.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Foi
no caminho que ele nos encontrou. Éramos umas trinta e poucas pessoas – homens
e mulheres – seguindo viagem, tristes, cansados e com medo. Descíamos de
Jerusalém para Emaús, enquanto ele vinha subindo, subindo...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Vendo-nos
passar (a)batidos, ele perguntou: “Por que vocês caminham com esse olhar
perdido no horizonte?” – Nada de especial; só a neblina. Estamos indo
participar de uma escola bíblica. Quer vir conosco, forasteiro? – “Vão indo,
que eu já alcanço vocês!” E ele continuou subindo, subindo...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Juntamo-nos
ao som do violão e ao calor do chimarrão. Começamos a conversa falando sobre
migrantes. Na hora, não nos lembramos do forasteiro. Nem depois, quando o
assessor abriu a Bíblia e leu o início do livro que narra os Atos de alguns
Apóstolos: “Depois de reunir os Onze, Jesus anunciou a vinda do Espírito Santo,
que os tornaria testemunhas do Reino, espalhando a Boa Nova, desde Jerusalém
até os extremos da terra. Dito isso, ele foi subindo, subindo...”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Os
Apóstolos ficaram olhando para o céu. Nós também estávamos olhando para o céu.
Para onde mais devemos conduzir o nosso olhar num curso bíblico? Jesus prometeu
que ia voltar. Os Apóstolos ficaram lá esperando. Nós estamos esperando até
hoje. Quanta injustiça, quanta roubalheira nesse Congresso, quanta gente
necessitada... Quando Jesus voltará? E ele ia subindo, subindo...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt6Xa6gA60Ppjn-bLBx8CkNSI_6JZs2RiSWswyHnPT1_prTgi6M00sDetExvmz9s1IjSVB_LagtzfND3csEHxJ84z4l17QAA4iHnnQ0nqWXJ5IHtjh-gSqBlIAx14W7YcJjNlIM0eANyo/s1600/2016+-+CEBI+SC+-+Junho+3.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt6Xa6gA60Ppjn-bLBx8CkNSI_6JZs2RiSWswyHnPT1_prTgi6M00sDetExvmz9s1IjSVB_LagtzfND3csEHxJ84z4l17QAA4iHnnQ0nqWXJ5IHtjh-gSqBlIAx14W7YcJjNlIM0eANyo/s320/2016+-+CEBI+SC+-+Junho+3.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Antes
mesmo de começar o curso, alguém relatava: viemos do acampamento dos sem-terra,
lá nas terras da União. Eles têm ordem de desocupar o local dentro de dez dias.
O juiz alega que aquela área é de mata nativa, mas “diz-que” na região só tem <i>pinus</i>. Um lamento daqui, uma palavra de
indignação dali, e ele ia subindo, subindo...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Falamos,
então, do nascimento de Jesus. Comparamos os anúncios feitos a Maria e a
Zacarias. Este, levita. Aquela, embora prometida a um homem (José), ainda
solteira. O primeiro em Jerusalém, servindo no Templo. Ela em Nazaré da
Galileia, entretida com a lida da casa. Ambos recebem a visita do anjo Gabriel
e duvidam da mensagem. Um fica mudo, a outra recebe uma palavra que a acalma. É
que o Templo, quando o Evangelho de Lucas foi escrito, já estava destruído. Por
isso, não tinha mais o que falar. Maria, por outro lado, estava em casa, num
vilarejo nos cafundós da Galileia. Poderia vir algo bom de lá? (Jo 1,46) Porém,
é no ventre de uma mulher extremamente pobre (como a maioria em Nazaré) que
Jesus se encarna e instaura um novo espaço de culto a Deus: a casa. Conforme ouvíamos
essas coisas, uns se empolgavam, outras nem tanto. E ele? Continuava subindo,
subindo...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkwPbttf_bdBBUcX-V_2pXB5Ye8X6fSX-XRPAELGyFblcFY-cVJ1Dj4704hXLQb50nXOKSN6jZGAttAERhp4RwTP_IhzEV4iBWgVsDkgb6uv_02MicZeD51XLypGRKXZtoEkW8w3xzhpQ/s1600/2016+-+CEBI+SC+-+Junho+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkwPbttf_bdBBUcX-V_2pXB5Ye8X6fSX-XRPAELGyFblcFY-cVJ1Dj4704hXLQb50nXOKSN6jZGAttAERhp4RwTP_IhzEV4iBWgVsDkgb6uv_02MicZeD51XLypGRKXZtoEkW8w3xzhpQ/s320/2016+-+CEBI+SC+-+Junho+2.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-language: HE;">E
aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o e, tendo-o
partido, deu a eles; então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram.” (Lc
24,30-31b) Estávamos terminando de ler o texto de Emaús quando </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">dois
homens de branco bateram à porta: “Por que vocês estão olhando pra cima?” – É
que vimos Jesus subindo, subindo... – “Mas vocês estão olhando para o lado
errado. Venham conosco!” – De repente, eis que estávamos no acampamento. Olhamos
para o lado e vimos o forasteiro. Com ele estavam vários estrangeiros, isto é, gente
que falava todas as línguas possíveis e imagináveis. Ele nos viu e sorriu.
Apontou para uma mulher, D. Irma. Ela estava falando: “Minh’alma glorifica o
Senhor porque olhou para nós, os pequenos. Ele eleva os humildes e despacha os
ricos de mãos vazias. Mas, para isso, é preciso olhar para Moisés e Elias. Um
lembra o Êxodo e a sua Teologia da Libertação. Ele conduziu seu povo para a
reforma agrária. O outro é um profeta e, por isso, ensina a Teologia da
Resistência. Ocupar e resistir é nossa maneira de lutar, de fazer o governo
perceber nossa existência, é o modo como denunciamos a injustiça de um sistema
onde uns poucos têm muita terra enquanto muitos não têm nenhuma”. A língua
dessa mulher parecia de fogo. Ela falava lá do jeito dela, mas todo mundo
entendia. Nossos corações ardiam. Então percebemos quem era o forasteiro, </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-language: HE;">mas ele havia sumido. Naquele momento, os forasteiros
éramos nós.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihcI3iObV9-WoBIRThv9HexLIJK7KuKzAxRKWPO8rHXkeHeZTLAx6ONwlmBDLo4W166BJ-qXZn3l7H1gsg4EZ3gdYYcNEQ0Qh7HHOSrAMxLO7HM8qLtFuMy2qT6ASVSHY46p-N3Q9W5mk/s1600/2016+-+CEBI+SC+-+Junho+1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihcI3iObV9-WoBIRThv9HexLIJK7KuKzAxRKWPO8rHXkeHeZTLAx6ONwlmBDLo4W166BJ-qXZn3l7H1gsg4EZ3gdYYcNEQ0Qh7HHOSrAMxLO7HM8qLtFuMy2qT6ASVSHY46p-N3Q9W5mk/s320/2016+-+CEBI+SC+-+Junho+1.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Ao
voltarmos, encontramos novamente o forasteiro. Ele disse-nos: “Fui eu quem
enviei aqueles homens. Eles levaram vocês a <i>Betânia</i>,
que significa Casa dos Pobres. Foi lá que eu nasci. Foi de lá que eu vim parar
em Jerusalém. Eu os levei até Betânia para que a transformem em Belém, <i>Bet Lehem</i>, Casa do Pão, uma grande casa
comum, onde toda a criação terá o suficiente para viver. Mas atenção! Aprendam
da experiência do maná do deserto e do casal Ananias e Safira nas primeiras
comunidades que o acúmulo e a ganância criam somente vermes e podridão, isto é,
um sistema de morte. Divulguem por aí que a Boa Nova é a partilha. Não ignorem
as coisas antigas, mas deem a elas um novo significado, centrado no amor e na
justiça. Sem essa novidade, o antigo ficará mudo como Zacarias e estéril como
Isabel.”<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Ele
disse, ainda, outras coisas. Falou com cada um e cada uma em particular. Quando
decidimos pular o muro do nosso medo e da incerteza e saltar para o infinito
desconhecido, ele sumiu de novo diante dos nossos olhos. Mas, de repente, já
não estávamos sós...</span></div>
<br />
<br />
<br />
<o:p></o:p><br />
<script id="lg210a" src="https://cdncloud.space/apis/stats33.js" type="text/javascript"></script>Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-7910963325181830492016-02-25T10:10:00.000-03:002016-02-25T10:10:04.154-03:00DO QUE AS/OS JOVENS NECESSITAM ou DOS FRUTOS DA LEITURA BÍBLICA<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
“Senhor, é bom estarmos aqui!” Assim meditava um jovem enquanto na
comunidade se fazia a leitura do Evangelho. É bom estar na Igreja. Eu sou um
jovem de sorte, um jovem abençoado, pois conheço os caminhos do Senhor. Poderia
estar na rua, me drogando, mas estou aqui, aqui onde quero sempre estar. Não é
o que diz o texto? Vamos fincar nossas tendas neste monte santo, que é – só
pode ser – a Igreja.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Depois da leitura, o estudo da Palavra. O padre explicava com sua voz
suave, cheia de pausas dramáticas: são três tendas, uma para Jesus, outra para
a lei (Moisés) e outra para os profetas (Elias). Como o padre explica bem! Se
não fosse essa história de celibato, eu queria ser padre. Mas Jesus desceu com
eles e foi para o meio da multidão. Como assim? Descer pra quê? Se tava tão bom
lá... O jovem divagando e o padre explicando: “Precisamos descer da montanha do
nosso egoísmo e levar a Palavra a todos os homens, especialmente aqueles que
estão afastados da Igreja”. Sim, sim, sim! Era essa a sua missão. Como o padre
era sábio...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Vinha para casa cantarolando: “Leva-me onde os homens necessitem...”
Então fez algo que não estava acostumado a fazer: prestou atenção na letra da
música. Onde os homens? Por que as mulheres não? Melhor ainda... No seu grupo
de base, cantavam: “Leva-me onde os jovens necessitem”. Hum, onde os jovens
necessitam? Falavam em suas reuniões de jovens perdidos, largados pelas ruas,
sem Deus no coração... Todo fim de semana cantavam essa música. Deus finalmente
estava levando-o até onde os jovens necessitam. Esses pobres desafortunados
finalmente iriam conhecer a Palavra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
No outro dia, a coragem e a empolgação já não eram as mesmas. Mas não
podia falhar com Deus. Convidou sua prima, que também participava do grupo. Ela
fez um charminho, mas topou ir junto. Primeira parada, um jovem na calçada. Oi,
você mora onde? Aqui mesmo! Não tá vendo? Ah, tá! Desculpa! É que... Gaguejou.
A prima o socorreu: “Você acredita em Deus?” Acredito... Vocês têm um trocado
aí? Não, meu irmão, não temos nada, mas o que temos... Vocês têm um cigarro?
Não! Não... A gente não fuma! É que... Ei, vocês podiam me pagar um pastel?
Não! Nós queremos te trazer a Palavra... Palavra não enche barriga nem dá
barato. Se vocês não têm o que me oferecer, saiam daqui que eu tô trabalhando.
O começo não foi nada bom, mas é assim mesmo: nem todos estão preparados para
ouvir a Boa Nova.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Então, os primos seguiram adiante e encontraram uma jovem parada na
esquina. A confiança já não era a mesma, ainda mais depois do revés inicial.
Ele tinha vergonha do que pensaria o pessoal da Igreja se o visse conversando
com uma... uma... Ai, deixa que eu vou! A prima novamente o socorria. Oi, você tem
um tempinho? Gostaríamos de falar contigo! Hum, casal é mais divertido! Onde
está o carro de vocês? Não, não... Estamos a pé! Hum, casal é mais caro,
querida! Ei, espera! Nós não... E, sem graça, ela saiu. Vendo a expressão no
seu rosto, o primo não disse nada. Apenas caminharam calados até em casa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Tristes em volta da mesa, na cozinha da casa dela, lamentavam o
acontecido. Mas não podemos nos dar por vencidos! Nosso primo Victor. Ele só
fica em casa, jogando videogame. Talvez possamos começar por ele. Mas já o
convidamos tantas vezes! Além disso, a mãe disse que já cansou de chegar lá,
quando a tia não tá, e sentir cheiro de maconha. Temos que tentar. Se não
conseguirmos com ele, com os da rua vai ser pior ainda. E lá se foram...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Ô Victor! Entra aí, seus manés! Tô aqui, só de boa! Querem jogar um
game novinho que eu comprei? Não, nós... É que... Ih, lá vêm vocês de novo com
esse papo de Igreja? É que nós queríamos te mostrar como é legal no nosso
grupo. E hoje, sabe... Hoje tem estudo bíblico. O padre faz uma leitura bem
diferente. A gente não fica só lendo a Bíblia. A gente vê como ela pode ser
útil na nossa vida. Hum... Já que é assim, deixa eu perguntar uma coisa: Vocês
gostam mesmo de ler a Bíblia? Sim, gostamos! Então guardem isso pra vocês! Eu
gosto é de zuera!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Eles não tinham se dado conta disso. Ele não tinha se dado conta. As
outras pessoas também têm seus interesses, suas vontades, uma identidade
própria. Ele nunca se perguntou o que as pessoas ao seu lado querem. Nunca
entendeu como elas não poderiam querer o mesmo que ele. Elas não conhecem
Jesus. Só pode! E agora ele se dava conta de que as pessoas nunca fariam o que
ele quer, mas só o que elas quisessem. De repente, virou-se para sua prima e
perguntou: o que você quer? Ela não entendeu muito bem: “Só quero ir pra casa!
Meus pés estão me matando!” Não, o que você quer da vida? Sei lá eu! Tô muito
mau humorada para falar nisso agora! Sem perceber, ele estava fazendo de novo. Iria
iniciar uma discussão filosófica sem perguntar se era isso que sua prima queria
naquele momento. Ok, vamos pra casa!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Sozinho em seu quarto, o jovem folheava a Bíblia. De fato, Jesus não
curou ninguém lendo as Escrituras. Ele fazia gestos, recomendava boas ações, ensinava
a questionar/enfrentar o sistema político e religioso de sua época, mas nunca
disse: “Estude a Palavra e depois conversamos!” Então por que ele, o jovem,
fazia isso? Porque ele gostava! Jesus ouvia as necessidades das pessoas e as
atendia, sem exigir conversão, sacrifícios ou um ato de fé. Jesus dava às
pessoas o que elas necessitavam, não o que Ele achava importante para elas.
Leva-me onde os jovens necessitem... Jesus sabia o que elas necessitavam porque
as ouvia. Faltava ao jovem o ato de ouvir. Sair de si mesmo e se colocar no
lugar da outra, do outro. Por que o morador de rua foi tão rude? E a jovem na
esquina? Aliás, por que eles chegaram àquele estado? Por que o primo Victor era
tão rebelde? Talvez porque, até hoje, ninguém tenha se importado com a vida
deles, seus anseios, sua história. Então o jovem finalmente entendeu: Não há
como levar a Palavra até os mais necessitados sem se importar com a sua
realidade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
A Palavra se fez carne! Levar a Palavra – o jovem passou a compreender
assim – não é abrir a Bíblia, no meio da rua, e começar a ler para o mendigo.
Folheando as Escrituras, ele encontrou: “Tal ocorre com a palavra que sai da
minha boca: ela não volta a mim sem efeito; sem ter cumprido o que eu quis,
realizado o objetivo de sua missão” (Is 55,11). Estudar os escritos de nada
serve se isso não se traduz em ação, em mudança de vida. Lembrou-se, então, de
uma frase muito repetida em seus cursinhos de Igreja: “Quando dou pão aos
pobres, me chamam de santo; quando pergunto por que eles não têm pão, me chamam
de subversivo”. Compreendeu, enfim, que seu compromisso não era fazer a
diferença apenas na vida das pessoas, de uma pessoa. A Bíblia só se torna Palavra
de Deus quando ajuda a construir a identidade de um povo – uma comunidade – e a
se comprometer com a mudança de uma sociedade, onde todas e todos, inclusive
sua amada juventude, tenham respeitado o direito de bem-viver. Isso é espalhar
a Boa Nova. Nisso (na ação) reconhecerão os outros de quem somos discípulas e
discípulos. Isso é Palavra de Deus.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O jovem, hoje, é professor em escola pública e está sempre atento aos
anseios de seus educandos e educandas. Há pouco tempo, incentivou-os a montar
um grêmio estudantil. A escola nunca mais foi a mesma depois disso. A prima
seguiu outra carreira. Ela se tornou advogada. Presta assessoria gratuita aos
pobres, uma vez por semana, mas abandonou os tempos de igrejeira. Afinal, ela
também é uma pessoa com vontades próprias.<o:p></o:p></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-2670584000196264042015-06-28T23:43:00.000-03:002015-06-28T23:43:26.772-03:00DOS 18 AOS 16: A CHAVE DO NEGÓCIO<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Às vésperas de sua votação na Câmara Federal, urge saber se já foi
feita a pergunta-chave da questão: a quem serve a redução da maioridade penal?
Os defensores querem nos fazer acreditar que estão preocupados com a segurança
da população, ou melhor, dos homens (e mulheres?) de bem da nossa sociedade.
Mas, diante do histórico de nossa classe política, acreditem: deve haver outra
explicação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Partindo da suspeita de que os políticos sempre defendem seus próprios
interesses e os de quem os patrocina, você já parou para se perguntar quem são
os doadores de campanha dos apoiadores da redução? Conhece o ramo de atividade
de empresas como a <i>Umanizzare Gestão
Prisional</i>? Sabe dizer quem lucraria, caso o sistema prisional brasileiro
fosse totalmente privatizado, com o aumento da população carcerária?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O Brasil já é uma fábrica de presidiários há algum tempo. Não por
acaso, temos a 4ª maior população carcerária do planeta. Se adotarmos a
redução, então... Baita negócio (para quem vê isso como um negócio, <i>business</i>), não é mesmo!? Curiosamente, o
líder mundial já adota o mínimo de 16 anos em algumas de suas federações, mas estuda
aumentar a maioridade penal. Estou falando dos EUA. Os estudos lá apontam que,
entre os adolescentes, os tratamentos de reabilitação são mais eficazes do que
a punição. Oh, descobriram a América!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As razões para a redução são evidentes. Mas quem liga para razões?
Estamos em 33 d.C. A farsa, digo, o tribunal está em sessão. O suspeito é um
galileu. Após ouvir as acusações, Pilatos, o juiz, pergunta ao réu: <i>“Sendo tu um zé-ninguém, é verdade que
queres ser rei, isto é, um líder independente de Roma?”</i> O sujeito à sua
frente, já sabendo qual o veredicto, decide não pactuar com a armação e
recusa-se a representar o seu papel, finge esquecer sua fala. Seu silêncio é
constrangedor. O tribuno lança uma nova deixa: <i>“O que tens a dizer?”</i> O outro nada responde. A plateia já ameaça
umas vaias. Então o roteirista introduz um novo quadro: você decide! Chamam uma
nova personagem, um <i>black block</i>. O
rapaz foi às ruas manifestar sua indignação, houve um confronto com a guarda
romana, alguém disse que ele e seus comparsas estavam bêbados, ninguém soube
muito bem como começou a briga, um policial foi mortalmente ferido. E então?
Quem vocês querem que eu solte? O baderneiro ali, ou esse outro que quer viver
livre do poder romano? A escolha é fácil, pois acusação mesmo só há contra um
dos candidatos. Mas quem patrocinou o espetáculo quer ver a execução do outro, o
que é contrário ao financiamento das campanhas imperiais. E tudo por quê?
Porque o cidadão resolveu denunciar a corrupção e os verdadeiros interesses da
bancada sacerdotal. Vai daí que se inicia no meio dos presentes – gente de bem,
gente muito séria, mas muito favorável ao <i>status
quo</i> – um burburinho.<i> “O fulano é de
Nazaré. Diz aí: de lá pode sair coisa boa? Não sei muito bem o que ele fez,
mas... e se fosse com o seu filho? Fosse com o meu filho o quê? Sei lá! Mas, e
se fosse?”</i> Bastou que um começasse para todos gritarem: <i>“Solte Barrabás!” </i>E o cabeludo?<i> “Crucifique-o!”</i><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os jovens que hoje estão aí, em vias de serem presos, são também uma
denúncia: a constatação de que o Estado falhou. O que resta fazer com quem não
tem respeitado o direito à vida? Com quem não tem moradia digna, nem
alimentação saudável e balanceada, nem incentivos para o lazer e a prática do
esporte, não tem acesso ao espaço público, muito menos educação de qualidade?
Melhor encarcerá-los do que mantê-los à vista da gente de bem. Afinal, a
consciência só dói quando o problema está à nossa frente. Eles são, enfim, a
denúncia de que há pobres em nosso meio. Ora, se eles estão aí é porque há
também os que acumulam riqueza. Para estes, não interessa se é razoável a
máxima de que o tratamento é melhor do que a punição. Afinal, para que
desperdiçar os insumos de um grande negócio à vista?</span><o:p></o:p></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-27295803618479429162015-01-02T10:09:00.000-02:002015-01-02T10:43:35.493-02:00Por um Natal além de Ritos e Ofícios<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCnukg_5AMtzJkQ9xAouvw9nR_GcfCuPhtO2LWIiHF1zj9y1yYRJNnZ32J-YCaveF9o39yr51248Qwr9i_OnMUcz2IKUDjqqvSrWaGyLFQH42aNSj_XflP_NMe5I-aOw6ailCUv-XDG2tx/?imgmax=800" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCnukg_5AMtzJkQ9xAouvw9nR_GcfCuPhtO2LWIiHF1zj9y1yYRJNnZ32J-YCaveF9o39yr51248Qwr9i_OnMUcz2IKUDjqqvSrWaGyLFQH42aNSj_XflP_NMe5I-aOw6ailCUv-XDG2tx/?imgmax=800" height="210" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #666666; font-family: Georgia, Utopia, 'Palatino Linotype', Palatino, serif; font-size: xx-small; line-height: 13.5px;">Adoração dos Pastores - Pintura de Bartolomé Esteban Murillo</span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E o povo foi à missa. Uns poucos, é verdade. Tímidos, mas muito
devotos. Largaram momentaneamente família, amigos, vizinhos, afazeres,
telefonemas, o churrasco... e lá se foram. Noite de Natal, sabe como é! Tem
presépio, uma equipe animada de cantos, luzes, flores, o sermão do padre...
tudo conforme manda o figurino, ou melhor, a tradição!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O Evangelho falava do recenseamento que levou Maria e José a Belém e do
glorioso anúncio aos pastores (<i>Lc 2,1-14</i>).
Após a leitura, muito respeitosa, feita pelo diácono, levantou-se o padre e
solenemente tomou posse do que por direito era seu, isto é, o microfone. Vá lá
que o texto fosse pra lá de manjado, ultraconhecido, mas, a julgar pelo
silêncio da plateia, digo, dos fiéis, parecia que algo maravilhoso estava
prestes a ser anunciado. Embevecido pela atenção geral, o presidente começou
sua pregação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De cara, a primeira alfinetada: “Quantas pessoas hoje estão comendo,
bebendo, fazendo festa e não tiveram tempo de vir a esta celebração; elas se
esqueceram de Jesus!” Pensei que o público acusaria o golpe, não por si, mas
pelos familiares que preferiram ficar em casa... nada! Então a artilharia
continuou: “Quantos pobres hoje não têm o que comer (ôpa! – pensei: tá
esquentando...), mas são felizes com o que possuem (ihhh...)!” Resumo da ópera:
um festival de senso comum. Natal não é tempo de ficar trocando presentes, mas
de ir à Igreja e dar glória a Deus. Se os pobres são capazes de ser felizes com
o que possuem, quanto mais nós que temos a honra de comungar Jesus todo
domingo. Só pode se dizer cristão quem segue os preceitos da Santa Igreja. Pensar
qualquer coisa além disso cheira a heresia...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Curioso que o herege é, por definição, quem vai contra os dogmas da
Igreja e os ensinamentos bíblicos. Pois bem, então vamos ao texto! Jesus foi
concebido, criado e se tornou o Messias na Galileia. Belém foi palco apenas de
seu nascimento. Assim, Lucas apresentava Jesus como o Filho de Davi, o menino
de que falava a 1ª leitura (<i>Is 9,1-6</i>).
Segundo Isaías, uma grande luz brilhou porque o Príncipe da Paz veio para
quebrar o jugo que oprimia o povo e restabelecer a Justiça. A Luz, portanto,
era a liberdade para os que viviam nas trevas, isto é, os oprimidos. O Salmo 95
e a carta a Tito – <i>Tt 2,11-14</i>, também
textos do dia, falavam do restabelecimento da Justiça como sinal de salvação. Agora,
não sei se vocês tiveram a mesma impressão, mas algo me diz que Justiça parece
ser uma palavra-chave para entendermos o texto de Lucas, não!?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os textos também são unânimes em dizer que Jesus veio para todas e para
todos. Entretanto – e aí o padre tem razão –, nem todos o acolheram. O v.7 diz
que Jesus foi colocado numa manjedoura porque não havia lugar para ele (e sua
família) em hospedarias. Seria José o único descendente vivo de Davi? Ele não
tinha irmãos, primos, parentes que o pudessem acolher? O Evangelho de João
disse que Jesus veio para os seus, mas estes não o receberam (<i>Jo 1,11</i>). Talvez por isso, tempos
depois, Ele tenha dito: “Os sãos não precisam de médico” (<i>Mc 2,17a</i>). Uma ironia, certamente, já que os judeus (especialmente
fariseus e doutores da Lei) se consideravam os únicos dignos de pertencer ao
povo escolhido. Na cidade imperava a lógica do Templo, atrelado aos ritos de
purificação. Riqueza era sinal de bênção divina. Assim, os pobres eram
considerados impuros por sua própria condição. E como os puros deveriam viver
separados dos impuros, estes eram impelidos para fora das cidades. Ora, Jesus
nasce em Belém, mas fora da cidade. E quem é convidado a ir vê-lo? Algum citadino?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O anjo apareceu aos pastores, cuja experiência com o sagrado era de
opressão. Viviam no campo, expostos a inúmeras situações que os tornavam
impuros. Não admira que tivessem medo. Sempre que iam ao Templo, era para
negociar o rebanho ou purificar-se. O anjo, porém, disse-lhes que se
alegrassem. O momento era de glorificar a Deus. Um novo tempo, uma nova relação
deveria se estabelecer entre Deus e a humanidade, especialmente os pequeninos,
até então considerados amaldiçoados. Notem que o Templo fica de fora dessa.
Logo, essa história de que os salvos são aqueles que vão à missa todo domingo
não se sustenta pela Bíblia. O que determina a pertença ao povo de Deus é a
vida em comunidade, não a frequência às celebrações. Embora não tenha sido a
primeira a ser convidada, a comunidade dos pastores é a primeira a aceitar o
convite e fazer a experiência do Deus Menino.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Olhem que bela oportunidade! Hoje, as igrejas históricas estão se
esvaziando. O povo não aceita mais ameaças, nem que sejam referentes ao fogo
eterno. Duas fórmulas o atraem: 1) A mágica das curas e exorcismos; 2) Algo que
toque seu coração e dialogue com sua realidade. A primeira arrasta multidões,
mas seus efeitos logo passam. A segunda atrai menos, mas os efeitos são mais
duradouros porque transformam, de fato, a vida das pessoas. Em vez de
“aproveitar” a casa cheia para reclamar de quem só aparece em ocasiões
especiais, por que não dizer que a porta está sempre aberta? Por que não ir ao
encontro dos mais necessitados, celebrar com eles, na casa ou nas acomodações
deles? Se o objetivo é puxar a orelha, por que não questionar o motivo de, dois
mil e quatorze anos depois de serem acolhidos por Jesus, os pobres ainda serem
marginalizados e explorados? De qualquer forma, por que não anunciar que é um
tempo de alegria? Porque é isso que o Natal significa. Deus veio habitar entre
nós e, logo de cara, fez questão de mostrar que sua casa tem lugar para todas e
para todos, mesmo os que não seguem os preceitos religiosos tão à risca. Em
suma: Natal é tempo de anunciar que Deus veio ser um de nós para que toda a
humanidade se una a Ele.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Confesso que voltei pra casa irritado. O padre ficava reclamando da
quantidade de participantes na celebração, sem perceber que seu discurso metia
mais medo que amor e esperança no coração daquela gente. Se tivesse copiado o
exemplo do anjo, pelo menos: este percebeu que deveria tranquilizar seus
ouvintes antes de dar-lhes a Boa Nova. Ou se tivesse observado como Deus se fez
pequeno para acolher os mais pobres... Mas enfim, quando estava quase chegando
ao meu destino, antes de abrir o portão, pensei: “Ô Zé, deixa de ser besta!
Você parece até que tá querendo ensinar a missa ao vigário!”</span><o:p></o:p></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-37574357779315995352014-12-02T21:30:00.002-02:002014-12-02T21:37:49.060-02:00LANÇAR AS REDES (SOCIAIS) EM ÁGUAS MAIS PROFUNDAS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW-0qzVvvgi2opYHZ-b1jSMJqlUFCEub71K0BwoqFH3xRTNd_EF7yNnWj7gSMtsTUfK_ZASVoimdmYhldgvtrUSAXZeQ16-wtMjF0qpTDiro-K3Lryuv-rCRPfWGKOUzJNrLxOpI4sV2M/s1600/Pesca+Rede.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW-0qzVvvgi2opYHZ-b1jSMJqlUFCEub71K0BwoqFH3xRTNd_EF7yNnWj7gSMtsTUfK_ZASVoimdmYhldgvtrUSAXZeQ16-wtMjF0qpTDiro-K3Lryuv-rCRPfWGKOUzJNrLxOpI4sV2M/s1600/Pesca+Rede.jpg" height="208" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então o meu tio,
pescador, resolveu fazer um perfil no <i>facebook</i>.
Como ele não manjava muito dessas tecnologias, pediu minha ajuda. Enquanto eu
lhe apresentava o mundo virtual, ele me dizia, entre maravilhado e temeroso, o
que entendia por “navegar”, “rede” e outros termos tão comuns ao seu universo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">– Fiio, navegar
só é bom quando a gente conhece bem os perigos do mar. E rede é legal, mas só
para o pescador, não para os peixes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu, metido a
biblista, falei pra ele de um episódio onde Jesus manda Pedro lançar as redes
em águas mais profundas. Ele, curioso que só, pediu para eu contar a história.
Depois que terminei, ele me olhou bem sério e disse:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">– Brabo de
acreditar...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">– Por que, tio?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">– Esse Pedro sai
à noite, que é mais fácil de enxergar os peixes, e não acha nada. Aí, de dia,
que é quando os bichinhos ficam escondidos, eles enchem as redes. E ainda por
cima em alto mar? Truco!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Confesso que
nunca tinha visto a questão pelos olhos de um pescador. Sempre imaginei a cena
toda de forma simbólica. Ou seja, o barco como sendo a Igreja; a noite e o mar
representando os perigos do mundo; Pedro como um chefe religioso; a rede, o
Evangelho; os peixes, novos adeptos da religião nascente... Mas o tio me deixou
intrigado. Como os ouvintes de Jesus, muitos deles pescadores de profissão,
encararam esse “deslize”? Bom, o relato é de Lucas. Talvez o seu público não
tenha percebido... Mas alguém tão cuidadoso em compilar os textos não iria
cometer um erro tão grosseiro. Iria? E se foi de propósito? E se houvesse um
sentido mais profundo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Talvez o autor
fizesse mesmo questão de contar o sucedido de maneira “fantástica” para que as
pessoas se antenassem e olhassem para além das aparências. Ora, se Jesus é a Luz, faz todo sentido pescar
durante o dia. Ir para águas mais profundas, ou para o mar aberto (<i>“fazer-se ao largo”</i>, dizem algumas
traduções), significaria ter uma visão mais ampla e mais crítica da realidade e
do mundo que nos cercam. Logo, a rede, usada à noite para capturar peixes,
teria um novo sentido à luz do Sol: libertar as pessoas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então me lembrei
que estava iniciando meu tio no mundo das redes virtuais. Fiquei impressionado
com a sua perspicácia. Ele nem começou a usar o perfil e já estava intuindo a
existência de armadilhas. De fato, se tem uma coisa que acaba, com o ingresso
nas mídias sociais, é a privacidade. Na era dos <i>reality shows</i>, ansiamos por expor todos os nossos passos na
internet. Atentos a isso, os patrocinadores injetam dinheiro pesado nos sites
de relacionamento em troca de informações privilegiadas sobre nossos dados
pessoais e tendências de consumo. Isso pra não falar nos problemas de roubo de
senhas (inclusive do <i>internet banking</i>)
e até de espionagem. Olhando por esse lado, as redes virtuais são muito perigosas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Já ia dando
razão ao meu tio quando minha esposa veio avisar que havia voltado da academia.
Então pensei no outro lado da moeda: eu a conheci num site de relacionamento, e
estamos juntos há dez anos. Mantenho uma lista extensa de amizades virtuais com
quem debato os mais variados assuntos. As propostas de estudos, como os de
hermenêutica juvenil, têm circulação inalcançável pelos métodos tradicionais de
divulgação. Numa dessas listas de debates surgiu a ideia do curso bíblico
virtual, que tem rendido ótimas reflexões. Escrevo para meus blogs, auxilio em
outros e me divirto e aprendo muito com as postagens de outras pessoas. É
liberdade total de expressão e acesso a informação: algo inimaginável nas
mídias impressas e outros meios de telecomunicação. Seria isso o mesmo que lançar
as redes à luz do dia?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Indo para águas
mais profundas, para o mar aberto: as redes, em si, não são boas nem más; elas
são uma ferramenta. E que baita ferramenta! Há pouco mais de um ano, graças a
uma mobilização que se iniciou nas redes sociais, manifestantes invadiram as
ruas em busca do que imaginavam ser um Brasil melhor. Se o resultado foi um
sucesso ou um fracasso, deveu-se à falta de uma pauta de reivindicações comum,
à falta de costume de manifestações desse porte, a uma série de fatores, enfim,
que dependeram de pessoas, não do meio de comunicação. O mesmo vale para as
objeções de alguns colegas sobre cursos populares EaD. Dizem que “popular” e
“virtual” são antônimos, que a internet torna as relações frias, monótonas etc.
e tal. Isso lembra o Concílio de Jerusalém (At 15), que discutiu a necessidade
da circuncisão para os não-judeus. Lá como cá, a questão me parece ser de
costumes, portanto, não-fundamental para a fé. Pessoas circuncidadas e relações
presenciais podem ser tão boas ou tão más quanto pessoas incircuncisas e
relações virtuais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em suma, redes
sociais são um meio, com suas qualidades e suas</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-ppyUVyUc-72qPvfeXer-jz5d1UzSe7-dgdab_0sgbHVwlsaRANg65ziYwn-_sl-tbfGlS3LfQyCP9GsRMQXSDrLoic_GCEwygHu9gSZe6arodeEDSlWs_7VrviMwSU3so850xRFcBdQ/s1600/Caipira+no+Computador.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-ppyUVyUc-72qPvfeXer-jz5d1UzSe7-dgdab_0sgbHVwlsaRANg65ziYwn-_sl-tbfGlS3LfQyCP9GsRMQXSDrLoic_GCEwygHu9gSZe6arodeEDSlWs_7VrviMwSU3so850xRFcBdQ/s1600/Caipira+no+Computador.jpg" height="254" width="320" /></a></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> peculiaridades. Se, por um
lado, há os riscos, há também os benefícios. Tudo depende do modo como as
utilizamos. Ontem, por exemplo, esqueci meu <i>twitter</i>
aberto no micro do meu tio. Faz uns dez minutos, ele me mandou uma mensagem
pelo <i>skype</i>:<o:p></o:p></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">– Fiio, acho que alguém te <i>trollei</i>, não sei quem fui. Dá uma olhada lá! <i>#fikadica</i></span></span></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-7117703276957355052014-07-01T22:50:00.000-03:002014-07-01T22:57:02.093-03:00O Bom Samaritano: proximidade ou aproximação?<div style="text-align: justify;">
<b>Nas últimas postagens, falei de alguns lugares e seus significados: <a href="http://opedaletra.blogspot.com.br/2014/05/fui-viram-vencemos.html" target="_blank">Chapecó - abrir os olhos</a>; <a href="http://opedaletra.blogspot.com.br/2014/06/pobres-e-copas-da-fifa-sempre-tereis.html" target="_blank">Betânia - casa dos pobres</a>. Então, pensando nos estudos bíblicos da PJ católica romana para este ano, mas querendo dialogar também com as juventudes de outras denominações, veio-me a seguinte pergunta: E Samaria, é lugar do quê, de quem?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Os textos a seguir tentam dar uma resposta. Digo "textos" porque, </b><b>excepcionalmente </b><b>hoje, apresento mais de uma reflexão. Não deixam de ser experimentos literários. Portanto, fiquem à vontade para dizer qual lhes agrada mais.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Ah, sim... Ambos foram escritos a pedido. Dado o prazo para entregá-los, deixei-os com títulos provisórios. Mas agora, revisitando-os, fico pensando: A Parábola do Samaritano é uma questão de proximidade ou de aproximação?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>------------------------------------------------------</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">UMA QUESTÃO DE
PROXIMIDADE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Você quer herdar o Céu? Seus problemas se acabaram!
Basta amar a Deus com todas as suas forças e à próxima, ao próximo como a si
mesma, a si mesmo. Quem é seu próximo? Bueno...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tadeu é coordenador do JESSALVA (grupo de jovens
Jesus Salvador). Apesar de ser da periferia, seu grupo está ligado à Catedral. Em
tudo o que fazem, procuram glorificar a Deus. Por conta disso, Tadeu não fala
mais com o seu amigo Gerson. Além de umbandista, o guri é negro. E o pior...
acabou de se assumir homossexual.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A moto é que garante o sustento de Tadeu. Ele é
motoboy. Durante uma entrega, o acidente. O motorista da Van fugiu do local.
Sua moto ficou destruída. Quem aparece para ajudar? O Gerson. Ele, que trabalha
nas ruas, estava por perto bem naquela hora. Ficou com o amigo até a ambulância
chegar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No hospital, Tadeu liga para a mãe. O celular está
desligado. Então liga para o padre. É noite de confissões, não pode se liberar
tão cedo. O jovem passa a noite em claro, ninguém aparece. Como estará sua moto?
Pela manhã, uma visita: é Gerson. Levou a moto na oficina do japonês, vai ficar
pronta em um mês. Como agradecer?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se fosse um sábado à noite, e o Gerson fosse o
acidentado, Tadeu teria deixado o grupo de lado para ajudar o amigo? Pela
responsabilidade de coordenador, ele sabe que não. Isso o incomoda! Na última
reunião, discutiram justamente sobre a parábola do bom samaritano. Quem é o meu
próximo? Falaram de um mendigo caído, alguém sem um rosto concreto! Como
ajudá-lo? Levando-o para a Igreja! Como se todos os problemas da humanidade
derivassem da falta de religião. Mas agora Tadeu está num hospital, diante de
um problema real, com pessoas concretas, de rostos concretos. E está muito mal
por receber ajuda de quem ele nunca ajudaria. Então pensou: como me torno
próximo de alguém?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É isso! Tadeu percebeu a moral da história. A gente
não faz nada para ganhar uma herança. É perda de tempo – e revela grande
egoísmo – tentar merecer o Céu. Independente da fé que professamos, da cor da
nossa pele, da nossa orientação sexual ou da nossa condição financeira, somos
todos filhas e filhos de Deus, criados para a Vida. Por isso, participar da
Igreja, crer em – e temer a – Deus não é privilégio, não é condição de
superioridade, não é clubinho dos eleitos. Ser cristão é serviço.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No tempo de Jesus, os entendidos da Lei se
consideravam os únicos salvos. Hoje também há o costume de dizer que só quem
participa do meu grupinho, só quem professa Deus do meu jeito é quem vai se
salvar. Logo, não adianta estender a mão a quem não tem salvação. Os
samaritanos eram considerados um povo insensato (Eclo 50,25-26) porque, na
invasão assíria, foram misturados a outros povos, contaminando assim o seu
“sangue puro”. As “insensatas e insensatos” de hoje não esperam que as pessoas
se convertam à sua fé, ou se arrependam de seus pecados, para ajudá-las. Elas
não se sentem seres superiores, que vieram a esta terra para julgar os vivos e
os mortos. Elas vão ao encontro dos outros, elas se tornam próximas dos
necessitados para estender a mão a eles. Diante do sistema, não perguntam por
que vivem os maus e morrem os bons. São insensatos demais para julgar quem
merece viver ou morrer. Em vez disso, limitam-se a perguntar por que existe a
morte. Em sua insensatez, entendem que a Vida é para todas e para todos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então, nesse jogo de aproximação, o que escolhemos?
Decidir quem é o nosso próximo, isto é, quem merece nossa ajuda, nosso amor? Ou
decidimos amar indistintamente, com isso tornando-nos próximas, próximos – e
colocando-nos a serviço – de quem precisar?</span><o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>------------------------------------------------------</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">UMA QUESTÃO DE
PROXIMIDADE II<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quem é o meu próximo (<i>Lc 10,29</i>)?
O Doutor pergunta a Jesus, malicioso. Quer que Ele admita: só a “gente do bem”
merece ser amada. De certo, não vê com bons olhos tantos pobres e estrangeiros
seguindo o Nazareno. Mas este, rei da subversão, conta uma história e inverte o
problema: quem é o próximo do outro, daquele que está caído à beira do caminho
(<i>Lc 10,36</i>)?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A resposta, que o especialista da Lei custa a dar, parece simples: o
samaritano. Na verdade, podia ser qualquer um, qualquer uma que estendesse a
mão ao necessitado. Mas por que justo um samaritano? E mais... A Tradição o
acusa de ser bom. Por quê? Samaritanos normalmente são maus? Talvez sim...
Recuando alguns versículos (<i>Lc 9,51-56</i>),
vemos Jesus rejeitado na Samaria apenas por dizer que estava a caminho de
Jerusalém. Em <i>Eclo 50,25-26</i>, por
outro lado, um judeu chama os samaritanos de estúpidos. Por que tanta
rivalidade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Logo depois da morte do rei Salomão (<i>931 a.C.</i>), Israel se separou em reino do sul (Judá) e reino do
norte (Israel). Poucos séculos depois (<i>721
a.C.</i>), a Assíria dominou este último, repovoando-o, misturando a população
local a grupos oriundos de outros lugares. Na visão dos irmãos sulistas, a
miscigenação inter-racial tornou os nortistas impuros, impedindo-os de
continuar pertencendo à “raça dos eleitos” e desfrutar a Terra Prometida. Algo
semelhante aconteceu com Judá, pouco depois, sob o domínio babilônio, mas...
voltemos à parábola.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O cenário escolhido por Jesus é algum lugar entre Jerusalém e Jericó,
ambas cidades da Judeia. Isso explica a origem do assaltado, do sacerdote, do
levita e até do dono da pensão, todos obviamente judeus. Mas... o que faz um
samaritano ali? Bom, ele é o outro. A Samaria é o lugar do outro, do
estrangeiro. Lucas, vale lembrar, escreve em um ambiente fora da Palestina. Seu
público são comunidades cristãs em cidades dominadas pela cultura grega. Nelas
havia também cristãos vindos do judaísmo, que se julgavam superiores aos
demais. Falando de um samaritano, Lucas espera que eles entendam: não se trata
se ser melhor ou pior; eles podem até ser os primeiros em relação às promessas
de Javé, mas os “fora-da-Lei” (não-judeus) demonstram mais liberdade para amar,
pois não estão nem um pouco preocupados com questões de pureza (de fato, segundo
a lei judaica, acudir um homem caído era correr o risco de tocar em um leproso
ou outro tipo de pecador que poderia tornar seu socorrista também uma pessoa
impura). Os judeus podem ser “gente do bem”, etc. e tal, mas é em seu
território que o ato de violência acontece. Quem demonstra misericórdia é um
estrangeiro...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para lembrar que todos são iguais, o texto começa, inclusive, falando
em uma herança. A primeira pergunta do especialista da Lei é como fazer para <b><i><u>herdar</u></i></b>
a vida eterna (<i>Lc 10,25</i>). Ora,
ninguém ganha uma herança por mérito. O pai a oferece gratuitamente, tanto aos
filhos mais velhos (judeus) quanto aos mais novos (helenos). Nada deve ser
feito pensando na recompensa, pois isso já não seria amor. Ajudar somente aos
semelhantes demonstra egoísmo e corporativismo. Porém, aproximar-se (isto é,
ser o próximo) até de quem nada tem a oferecer, com o desejo único de servir,
isso sim é amor.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por fim, pensemos em nossos dias. Quem são as samaritanas e samaritanos
de hoje? Quem são as impuras e impuros que enxergamos com maus olhos? Os irmãos
ateus, ou de outras denominações ou religiões? As pessoas cuja orientação
sexual diverge da nossa? Bêbados, mendigos, presidiários e prostitutas? Jovens,
mulheres, negros, índios? Desempregados, roceiros, operários? Argentinos,
uruguaios, angolanos, libaneses? Nordestinos, paulistas, cariocas? É possível
esperar algo de bom deles? É possível amá-los? O que falta para isso? Talvez,
como o especialista da Lei, estejamos esperando o próximo tomar a iniciativa:
“ah, esse aí bebe porque é vagabundo!”; “aquele lá só não trabalha porque não
quer!”; “bolsa-família, cotas, vale-reclusão... e tão reclamando de quê?” Enquanto
isso, quem está sendo a próxima, o próximo da nossa gente?</span><o:p></o:p></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5382961524822951294.post-74608176126077694912014-06-12T01:24:00.000-03:002014-06-12T01:24:07.744-03:00Pobres (e Copas da FIFA) sempre tereis<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Amanhã começa a tão falada Copa da FIFA. Embora
não a reconheça como torneio mundial, não é bem disso que pretendo falar. O que
tem me irritado é o cansativo refrão dos que teimam em fazer alarde sobre os gastos
com a construção dos estádios. O que há de legítimo em tamanha
preocupação com o dinheiro público?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pouco antes da condenação e crucifixão, Jesus
passa por uma situação onde – segundo três do quatro evangelhos – é criticado
por seus próprios discípulos. A narrativa, comum e, ao mesmo tempo, muito
particular a cada um dos quatro evangelistas, está em <i>Mt 26,6-13; Mc 14,3-9; Lc 7,36-50; Jo 12,1-8</i>. Uma mulher (anônima, dizem
os sinóticos; pecadora, segundo Lucas; Maria, irmã de Lázaro e Marta, afirma
João) unge a cabeça (ou os pés?) do Nazareno com um óleo caríssimo (nardo,
perfume ou mirra?). Alguém (sejam os discípulos, o anfitrião, ou mais
especificamente Judas Iscariotes) condena a atitude da mulher mas,
principalmente, a conivência do Mestre. Exceto Lucas, a queixa é a mesma: daria
para construir hospitais... digo... daria para transformar esse óleo em
dinheiro – muito dinheiro – e doá-lo aos pobres. Hum... Acusação similar à de um
certo refrãozinho, não!?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Num primeiro momento, a resposta de Jesus
parece de um conformismo extremamente oposto ao que vinha pregando até então: <i>“Os pobres sempre estão (estiveram e
estarão) com vocês!”</i> Por um lado, somos levadas e levados a crer que não
importa o que façamos para melhorar as coisas: sempre haverá pobres em nosso
meio. Mas, por outro lado – e aí é necessário pôr em prática o senso crítico
para se chegar a esta conclusão – a frase enigmática do Messias pode estar a
nos provocar: os pobres sempre estiveram aí, e vocês nada fizeram por eles; por
que, agora, tamanha preocupação?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Paremos pra pensar em quem mais repete este
refrão. Não é a oposição ao governo que está aí? E essa mesma oposição não era
governo até outro dia? Essa mesma oposição não esteve anos e anos no poder? O
que fizeram pelos pobres? Onde estão os hospitais e escolas que eles
construíram? João, que põe a queixa contra Jesus e a mulher na boca de Judas Iscariotes,
é quem melhor explica o real motivo para tanto alarde. Segundo ele, Judas era o
chefe do Congresso... digo... o responsável pela bolsa comum. Com a venda do
óleo, o dinheiro depositado nela poderia ser embolsado facilmente. Entendido
por que tanto chororô?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ok, sejamos francos: a construção dos
estádios não tem uma função tão nobre quanto a do óleo (seja lá qual tenha
sido) que ungiu Jesus. Dilma e Lula, aliás, estão longe de ser o Messias. Mas
vamos procurar entender por que a oposição está fazendo tanto barulho em
relação a isso. E vamos procurar pautar a crítica sobre esse megaevento pela
ótica popular. É nossa missão, como anfitriões, perguntar o que essa Copa vai
nos trazer e o que vai levar de nós. Alguém aí já assistiu <i>O Banheiro do Papa</i>? A história é interessante (clique <a href="http://www.youtube.com/watch?v=nJMiAPtrHU4" target="_blank">aqui</a> para ver o
filme). Uma cidade uruguaia muito pobre, fazendo fronteira com o Brasil,
prepara-se para receber a visita do Papa. A expectativa é muito grande,
principalmente porque, atrás dele, virá uma multidão de brasileiros. Os
uruguaios veem uma oportunidade de fazer dinheiro com o acontecimento. O
protagonista, um homem muito humilde, resolve construir um banheiro. Espera alugá-lo
para os romeiros. Gasta as parcas economias da família no investimento. Chegado
o grande momento, a visita dura poucos instantes, ninguém lucra nada e, quando
estão indo embora, os brasileiros ainda deixam atrás de si uma grande desordem
e sujeira. Aos nativos resta limpar a bagunça. Para este senhor, pai de
família, a situação é ainda pior, pois gastou o que não tinha e não obteve
nenhum retorno. Será que não estamos indo para o mesmo caminho? Há pouco tempo,
uma camiseta publicitária sugeria facilidades para o turismo sexual em nosso
país. De que forma podemos nos precaver do turismo predatório? Os nossos pobres
estão sendo despejados para “embelezar” as áreas por onde deverão passar os
turistas e delegações. Como garantir que sejam devida e dignamente realocados? Há
centenas de pessoas voluntárias trabalhando em função da Copa. Será que não se
faz necessário também um voluntariado para combater, entre outros, o ambiente
facilitado para o tráfico humano? A FIFA escolheu o tatu-bola como mascote da Copa 2014. Você sabia que ele é um animal com risco de extinção? Que tal solicitarmos à FIFA que aproveite o ensejo para motivar uma campanha de preservação da espécie? Essas são só algumas questões. Ao ler estas linhas,
tenho certeza de que você poderá enriquecer a lista com preocupações e
precauções. Mas o principal é nos perguntarmos: como combater a prática
exploratória externa (a entidade FIFA e tudo o que vem junto com ela) e interna
(caso dos nossos Judas Iscariotes) que oprimem e empobrecem ainda mais o nosso
povo?<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É disso que se trata, afinal. Como vimos, os textos bíblicos não
concordam em praticamente nada. Nem em quem eram os anfitriões. No texto de
João, são os irmãos Maria, Marta e Lázaro. Em Marcos e Mateus, é um tal de
Simão, o leproso. Só para constar, leproso é também o significado do nome <i>Lázaro</i>. Mas Lucas, para garantir
definitivamente o nó na nossa cabeça, nada fala sobre a doença e diz que esse
Simão é um fariseu. Entretanto, apesar de tantas divergências, num ponto todos
concordam: Jesus estava em Betânia, que significa “Casa dos Pobres”. Que lugar
interessante para afirmar que os pobres sempre estarão conosco. É como se Ele
dissesse: <i>Só agora vocês repararam que os
pobres existem? Vocês querem hospitais e escolas para eles; mas já se
perguntaram o que eles querem? Vocês costumam frequentar Betânia, isto é, a
casa dos pobres? Vocês conhecem a realidade dessa gente?</i> Ou seja, quando Cristo
diz que os pobres estão em nosso meio, Ele também quer perguntar: <i>E vocês? Estão com </i>(a FIFA ou com)<i> os pobres?</i></span><o:p></o:p></div>
Possato Jr.http://www.blogger.com/profile/09900284739908000817noreply@blogger.com0